Sabemos que a
imagem é rainha nos tempos de hoje. Talvez mesmo imperatriz.
Mais ainda:
sabemos que a imagem – com os seus significados e significantes – é bem mais
antiga que a escrita, e que nós hoje quase que veneramos essas antiguidades.
Mas a história da
imagem não é nem linear nem pacífica. O seu peso mágico ou místico nas diversas
culturas foi variando com os tempos. Tal como as associações que cada uma e
cada individuo fazia ou faz à imagem ou ao que ela representa.
Antes de
endeusarmos a imagem nos tempos que correm, talvez seja útil termos uma ideia
do que ela foi no passado.
Aqui, uma
transcrição de parte do artigo sobre “iconoclastia” retirado da Wikipédia (que
vale o que vale mas pode servir de pista para outros estudos ou cogitações).
Iconoclastia ou
Iconoclasmo (do grego εικών, transl. eikon, "ícone", imagem, e κλαστειν,
transl. klastein, "quebrar", portando "quebrador de
imagem") foi um movimento político-religioso contra a veneração de ícones
e imagens religiosas no Império Bizantino que começou no início do século VIII e
perdurou até ao século IX.
Os iconoclastas
acreditavam que as imagens sacras seriam ídolos, e a veneração e o culto de
ícones por conseqüência, - idolatria.
Em oposição a
iconoclastia existe a iconodulia ou iconofilia (do grego que significa
"venerador de imagem"), ao qual defende o uso de imagens religiosas,
"não por crer que lhes seja inerente alguma divindade ou poder que
justifique tal culto, ou porque se deva pedir alguma coisa a essas imagens ou
depositar confiança nelas como antigamente faziam os pagãos, que punham sua
esperança nos ídolos [cf. Sl 135, 15-17], mas porque a honra prestada a elas se
refere aos protótipos que representam, de modo que, por meio das imagens que
beijamos e diante das quais nos descobrimos e prostamos, adoramos a Cristo e
veneramos os santos cuja semelhança apresentam.
Em 730, o
imperador Leão III, o Isáurio proibiu a veneração de ícones. O resultado
foi a destruição de milhares de ícones pelos iconoclastas, bem como mosaicos,
afrescos, estátuas de santos, pinturas, ornamentos nos altares de igrejas,
livros com gravuras e inumeráveis obras de arte. O iconoclasmo foi oficialmente
reconhecida pelo Concílio de Hieria de 754, apoiado pelo imperador Constantino
V e os iconófilos severamente combatidos, especialmente os monges. O concílio
não teve a participação da Igreja Ocidental e foi desaprovado pelos papas,
provocando um novo cisma. Posteriormente a imperatriz Irene, viúva de
Leão IV, o Cazar, em 787 convocou o Segundo Concílio de Niceia, que
aprovou o dogma da veneração dos ícones, e recuperou a união com a Igreja
Ocidental. Os imperadores que governaram após ela – Nicéforo I e Miguel I
Rangabe – seguiram com a veneração. No entanto, a derrota de Miguel I na guerra
contra os búlgaros em 813, levou ao trono Leão V, o Arménio, que renovou a
iconoclastia.
Durante a regência
da imperatriz Teodora, o iconoclasta patriarca de Constantinopla João VII foi
deposto, e em seu lugar erguido o defensor da veneração Metódio I. Sob a sua
presidência em 843, ocorreu outro concílio, que aprovou e subscreveu todas as
definições do Segundo Concílio de Niceia e novamente excomungou os
iconoclastas. Ao mesmo tempo foi definido (em 11 de março, data da reunião do
concílio em 843) a proclamação da memória eterna da ortodoxia e o anatematismo
contra os hereges, ainda realizada na Igreja Ortodoxa atualmente como o
"Domingo da Ortodoxia" (ou "Triunfo da Ortodoxia").
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Ao colocarmos hoje
no lugar de quase deus a actividade que fazemos (imagem, fotografia), convém
que tenhamos a noção que tudo isso já foi pensado pelos antigos e que o verso e
o reverso já foi ponderado.
Talvez que o
problema da actual sociedade de informação (imagem incluída) seja a dificuldade
de criarmos algum pensamento realmente original.
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