Há dez anos
publicava eu o que abaixo se transcreve, palavra por palavra.
Hoje, dia da
portugalidade – seja lá isso o que for – recordo-o.
E constato que continuo
a pensar exactamente o mesmo, letra por letra.
Não sei se a isto
se chama teimosia, se vistas curtas, se convicção profunda.
Ponham-me o
carimbo que puserem, tenham lá paciência, mas esta é a minha opinião.
O sistema
ensino/aprendizagem deveria ser gratuito!
Não
tendencialmente gratuito!
Não subsidiado!
Gratuito!
Pago pelo
colectivo!
Em todos os graus,
do pré primário ao superior!
Em todas as
instituições e para todos os estudantes/aprendizes!
Em todos os
aspectos: frequência, material didáctico, alojamento inclusive!
Eu explico o
porquê:
Um cidadão válido
na sociedade é aquele que, tendo um elevado grau de autonomia e estabilidade
material, emocional e intelectual tem, para além disso, uma contribuição útil
no e para o grupo em que se insere.
Esta contribuição
pode ser através de uma actividade física, intelectual ou mista. E será tanto
mais útil quanto melhor preparado estiver e, consequentemente, melhor o
desempenhar.
O fazer um curso,
seja de que grau for, não apenas lhe permitirá ter uma vida mais confortável e
tranquila como, com o resultado do seu trabalho, contribuir para que a
sociedade evolua no mesmo sentido.
Logo, ter um curso
(tecnológico, profissional, superior) é uma mais valia para a sociedade onde se
insere, e não apenas para ele.
O paradigma desta
afirmação é a actual carência de médicos pediatras, obstetras e geriatras que
grassa em Portugal. Tal como de calceteiros, canalizadores e mecânicos.
Ao limitar-se o
acesso a esses mesmos cursos e preparações através das condições materiais do
estudante ou da sua família, está-se a cercear o desenvolvimento social.
E isto constata-se
através da quantidade crescente de alunos que, todos os anos, deixam o ensino
superior e politécnico por falta de meios económicos. Veja-se um relatório
recente da Universidade do Minho. E as estatísticas sobre a redução do número
de estudantes nos cursos profissionais.
Os cursos que
permitem o exercício de um oficio ou profissão reflectem-se mais na sociedade
que no individuo. É uma questão de qualidade de vida. É um investimento da
sociedade nela mesma.
Ao exigirem-se
pagamentos para frequentar esses mesmos cursos, está-se a fomentar a existência
de elites, não pelos seus potenciais intelectuais ou de desempenho e
habilidade, mas antes pelos seus antecedentes familiares e condições
sócio-económicas.
E, naturalmente, a
reduzir a qualidade de vida de todos.
Na sociedade
actual, pautada basicamente pela competitividade desenfreada e pelo sucesso
económico, limitar o acesso à preparação técnica e cientifica do jovem é um
suicídio colectivo, lento, metódico e consciente.
By me
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