sábado, 20 de junho de 2015

De boca aberta





Com o passar dos anos a nossa capacidade de ficarmos surpreendidos diminui.
Ou porque as nossas expectativas são diferentes, ou porque já vimos um pouco de tudo, ou porque nos tornamos cépticos… o certo é que com o passar dos tempos nos vamos surpreendendo cada vez menos.
Mas ontem fiquei de boca aberta. A tal ponto que mal tive tempo de rapar da câmara do bolso e fazer o registo de dentro do autocarro.
Quem diabo paga esta campanha? Que o uso destes painéis publicitários não é exactamente barato. Nem o imprimir com tal tamanho.

Na mesma temática, é interessante observar como o cidadão anónimo se deixa levar pelas campanhas, quer sejam a favor, quer sejam contra. Sem saberem os argumentos que existem num ou noutro sentido.
Como em tantas outras circunstâncias, é uma questão de mera empatia, de fé como num deus. E quanto mais conhecida for a figura, mais os amores e os ódios se exacerbam.
E recordo, na mesma linha, como há uns anos a populaça se juntava nas ruas em defesa e em acusação de Carlos Cruz, baseando os seus argumentos em coisa nenhuma. Ainda antes mesmo de um julgamento e da confrontação de factos concretos e contra-argumentação.
Tal como agora.
Com Carlos Cruz o termo “pedofilia” veio para a boca do povo. E toda a gente ficou a saber o que era, pese embora ser prática ancestral.
Com José Sócrates o termo “corrupção” veio para a boca do povo e toda a gente veio a saber que existia, apesar de ser prática ancestral.
Pergunto-me sobre quem será a próxima figura pública que colocará nas ruas um crime ou delito velho de séculos e que irá dividir as opiniões e paixões populares. 

By me

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