Em Abril de 74 eu
tinha 15 anos.
Cheguei ao liceu
pouco antes das 8.30, depois de uma viagem rotineira em dois autocarros que me
fez passar por uma esquadra de polícia e dois quartéis militares. Nada pelo
caminho indicava o que se estava a passar. Pelo menos, eu não dei por nada.
Só à chegada é que
nos foi dito que não havia aulas, que devíamos ir para casa. Havia uma
revolução.
Perguntei onde e
disseram-me que no Chiado. Deixei a pasta com livros e cadernos em casa de um
colega e para lá fui.
Depois, foi o que
se sabe até hoje!
Nos meses que se
lhe seguiram, foi a grande confusão para todos, miúdos e graúdos. Claro está
que a “grande conquista” estudantil de então foi a extinção dos exames.
Passei esse quinto
ano (hoje o nono ano) com média de 9,5 valores. Não deveria ter passado!
Por muito que
então me agradasse, por muito que os exames fossem “repressivos”, a verdade é
que eu não estava preparado para os anos que se seguiram enquanto estudante,
tendo sentido enormes dificuldades em acompanhar a matéria que nos davam:
Português, Matemática, Física e Química. Só estava mesmo à-vontade em
Filosofia, Geometria Descritiva e Introdução à política.
Ainda hoje,
auto-didacta e aprendiz do que vou querendo, sinto falta daquelas bases que nos
queriam “impingir”. Qualquer exame demonstraria que não as sabia e teria que as
aprender de facto!
A escola não é uma
prisão, não é um local de suplício. Ainda que o possa parecer a quem por lá
anda. É uma preparação para um futuro incerto. São os alicerces para uma
profissão e cidadania.
Depende de quem lá
trabalha dar ou não prazer e/ou satisfação a quem a frequenta.
Enquanto se pensar
que a escola é, basicamente, um local de ensino e não um local de aprendizagem
a escola será sempre “uma seca”.
E quanto mais
altas forem as grades que a cercam, mais se parecerá com uma prisão para
aqueles que sabem que têm lá fora um mundo para descobrir.
By me
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