terça-feira, 16 de junho de 2015

Uma questão de Ética





Não faço questão que me entendam. E muito menos que sigam as minha pegadas. Faço questão, isso sim, que saibam!
Que saibam que as pessoas não são caça, pequena ou grossa, que se leve para casa.
Que as pessoas não são números, identificáveis nas pastas e arquivos das domus ou grandes empresas.
Que as pessoas não são mercadoria ao alcance de uma qualquer câmara fotográfica.
Por isso mesmo não fotografo pessoas desconhecidas. Muito raramente o faço. A excepção é quando vêm para a rua protestar e exibir o seu protesto.
Aí faço questão de lhes dar voz. Melhor, visibilidade.
E quando fotografo alguém nestas condições, não estou a fotografar aquela pessoa em particular. Estou, antes sim, a fotografar o protesto, ali materializado por um ser humano. Um de muitos, centenas ou milhares.
A excepção à excepção acontece aquando de manifestações de minorias. Minorias que, individualmente, não têm voz, não têm espaço, não têm coragem ou oportunidade de se afirmarem enquanto seres humanos com vontade de viver mas guetizados por conservadorismos atrozes ou desumanidades incríveis.
As pessoas não são troféus que quanto mais difíceis de encontrar e apanhar mais valor tenham. Sejam elas quem dorme na soleira da porta de um prédio, ou quem tem uma sexualidade diferente da minha, ou quem tem um corpo diferente do meu.
Os únicos troféus que quero são os que consigo por ter ido mais longe no saber aproveitar a luz ou dominar a perspectiva. Nunca à custa dos outros!

E faço questão de ser coerente a cada disparo fotográfico que faço.


Nota adicional – Para quem quiser e poder, no próximo sábado dia 20 de Junho terá oportunidade de praticar o acima descrito: a Ética fotográfica.
Com partida pelas 17 horas da Praça do Príncipe Real, em Lisboa, e espraiando-se pela cidade até ao seu centro, a marcha LGTB animará os espaços com as suas cores, alegrias, e protestos pela igualdade de viver e amar como se quer.

By me

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