A minha objectiva
é isso mesmo: objectiva e não subjectiva. Não tem emoções, afectos ou
desafectos. É democrática e igualitária, já que na sua convergência, refracção
e difracção da luz, trata tudo e todos por igual. Do mais abjecto ao mais
ilustre, a todos capta e transmite com a mesma limpidez e perspectiva. Na
frieza do vidro e metal, na maciez do plástico e borracha, e na suavidade do
seu mecanismo, não distingue amigos de inimigos.
Já o homem por de
trás da objectiva é subjectivo. Músculos e neurónios conjugam esforços no
bombear do sangue e emoções fazendo sempre comparações entre bom e mau,
avaliando afectos e desafectos e reagindo em conformidade. O calor das emoções
aproxima-o ou afasta-o do que o circunda, amando, odiando, desprezando ou
desejando pessoas, objectos ou situações.
Quando eu, Homem
da objectiva, tenho que o ser por dever, entro na objectiva e tento ser uno com
ela.
A tudo e todos que
à sua frente se exibem ou são apanhados, são tratados por igual, tentando não
conhecer amigos ou inimigos, abafando ou tentando abafar emoções endócrinas.
Mas eu, o Homem da
objectiva, quando o sou quando quero e gosto, deixo e quero que a objectiva se
una a mim e assuma a minha subjectividade.
Vê, transforma,
refracta em sintonia com as minhas emoções, boas ou más, positivas ou
negativas. Ama o que gosto, despreza o que ignoro, odeia o que me maltrata.
Assume o vermelho do meu sangue ou o cinza dos meus neurónios, abrindo ou
fechando a íris ao ritmo do coração.
E no espaço que
medeia entre o homem da objectiva e objectiva do homem?
Como, defeco e
durmo como qualquer outro animal.
E gasto uns litros
de tinta a escrever umas linhas…
(Nota fotográfica
adicional – Esta imagem tem quase um decénio e foi feita com a há muito
descontinuada Olympus C3030Z, com uns “míseros” 3,3Mp.
Fica a informação
para os que se batem pela última novidade tecnológica.)
By me
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