sábado, 27 de junho de 2015

Palmas, claro. E no entanto...





Se gosto da decisão do primeiro-ministro grego? Naturalmente que sim!
No fim de contas, um governante deve cumprir a vontade do seu povo e se tiver dúvidas sobre qual ela é, deve questioná-lo.
Pena é que nos chamados “países democráticos” isto não suceda. Portugal incluído!
Portanto: Palmas para os gregos, que têm a governá-los alguém que sabe o que é democracia! E que a pratica!
No entanto…

No entanto não devemos ter ilusões!
Esta foi uma jogada política de fino recorte, tanto interna como externa. Brilhante, mesmo!
Ao mesmo tempo que apazigua os ânimos internos, desviando de si o ónus de qualquer responsabilidade nas negociações com os governos europeus e troika, confronta estes com a decisão de uns milhões de europeus, tornando pouco significativas ou importantes as opiniões de governos e banca num sistema dito democrático. Está a dizer àqueles com quem se irá reunir hoje e nos próximos dias que aquilo que lhes for imposto afecta milhões e não apenas aqueles governantes gregos na sala. E está a dizer aos demais governantes europeus, bem como à banca, que mais importante que as suas decisões é a opinião do povo que representam. E está a questionar os seus interlocutores sobre se quererão correr o risco de decidirem à revelia dos povos que representam.
Está, em última análise, a questionar os países europeus sobre a democracia que praticam e sobre quem dá lições de rectidão e transparência a quem.

Aconteça o que acontecer nos próximos tempos, a Europa não mais será a mesma.

Imagem: algures da net
By me

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