O
universo existe e nós apercebemo-nos disso e interagimos com ele. Lá longe, com
sondas espaciais e rádio-telescópios e aqui mesmo ao lado, à distância de um
braço.
Mas,
e para termos a noção dessa tri-dimensionalidade, e antes de usarmos qualquer
tipo de equipamento, recorremos ao que a natureza nos deu: a visão.
Mas
e como raio a visão nos dá essa noção das três dimensões? De variadas formas,
todas conhecidas mas sobre as quais há que pensarmos um nico.
Desde
logo, e de um ponto de vista meramente fisiológico, pela convergência maior ou
menor que os nossos olhos assumem ao olharem um mesmo assunto. Essa posição
relativa, e o consequente esforço muscular para o conseguir, diz ao cérebro a que
distância se encontra o objecto em causa. Transpusemos isso mesmo ao
construirmos telémetros, tanto para efeitos civis como militares.
Também
do ponto de vista fisiológico, a questão da nitidez ou focagem. Temos a noção
de distância pelo esforço muscular na correcção do cristalino: quanto maior a
curvatura que provocamos, mais perto de nós está o assunto.
Em
seguida, e por questões meramente neurológicas, as diferenças entre as imagens
que ambas as retinas enviam ao cérebro. Aprendemos a interpretar essas
diferenças e a deduzir delas a distância a que se encontra o objecto que vemos.
Chamamos a isto “visão estereoscópica”.
Acrescente-se
aquilo que aprendemos: os tamanhos relativos de objectos conhecidos. Sabemos
que uma caneca é maior que uma chávena. Se a chávena aparentar ser maior que a
caneca, deduzimos que estará mais perto de nós. A isto damos o nome de “perspectiva”.
Some-se
a sobreposição dos objectos. Se um objecto estiver à frente de outro, estará
mais perto. Perspectiva, novamente.
Por
fim as sombras. Temos a noção mais ou menos real do momento solar em que nos encontramos
e as sombras dos objectos dão-nos, pelo seu tamanho e orientação, o volume que
corresponderá à terceira dimensão. Chamamos a isto iluminação. Quer seja a
oriunda do sol, quer seja a que produzimos com os nossos equipamentos.
Repare-se
que a nossa actividade – produtores de imagem – é na sua essência o transformar
a nossa percepção da tridimensionalidade do mundo num suporte de duas dimensões.
Quem não souber o que acima descrito, desta forma ou de qualquer outra, e não
souber tirar partido da perspectiva e da luz para reproduzir com eficácia as três
dimensões em apenas duas, bem pode ir limpar as botas. Não passa de um
fotocopiador com pernas.
Nota
adicional: alguém sabe quem é a pessoa mais importante nesta fotografia? Ou
mesmo porque é que é a mais importante?
By me
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