A
história foi-me contada em primeira-mão. Para ser mais exacto, esta mão que
aqui se vê. Não creio que adiante acrescentar-lhe seja o que for, excepto o
facto de, há poucos meses, ter nascido o segundo filho.
“Vivia
sozinho e o meu orgulho impedia-me de ir pedir ajuda aos pais, apesar de,
naquela altura, os pagamentos da empresa onde trabalhava estarem atrasados.
Naquele dia não tinha dinheiro nem para tomar um café. Revirei tudo em casa em
busca de uma moedinha que fosse e nada.
Acabei
por decidir meter-me no carro e ir a casa de uma amiga, que me poderia
emprestar algum, pouco, para os dias que ainda faltavam até vir o guito.
Mas
acabei por me enganar no caminho e entrei na via-rápida no sentido oposto. Com
a pouca gasolina que tinha, não sabia se daria para inverter a marcha mais à
frente, pelo que decidi continuar e ir a casa de uma outra amiga que morava por
ali e que me haveria de ajudar.
Não
estava em casa. Mas estava lá uma amiga dela. Não nos conhecíamos, mas já
ouvíramos falar um do outro. Ajudou-me.
É
hoje a minha mulher.”
By me
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