Em
1992 estive nos Jogos Olímpicos de Barcelona, inserido na equipa que os
transmitia. Em boa verdade, estava sediado em Terrassa, a uns 30 km da capital
catalã.
As
medidas de segurança eram muito rigorosas, pelo menos pelos padrões que conhecíamos
por cá: cartões de identificação grande e obrigatoriamente visíveis ao peito,
que continham fotografia, dizeres e um código de barras, pórticos com detectores
de metais e inspecção visual de todos os sacos e malas em todos os locais
considerados sensíveis, agentes de segurança e polícias armados em tudo quanto é
local, carros blindados… aquilo era seguro mesmo, pelo menos dentro do possível.
De
cada vez que entrava no estádio onde trabalhava era a mesma rotina: o cartão
lido pela maquina e a respectiva confirmação visual, o pórtico que apitava com
as chaves, o canivete, as moedas e etc, a minha mochila, cheia de tralha fotográfica
e não só despejada e analisada pelos agentes… uma trabalheira para eles e para
nós.
Ao
fim de algum tempo as coisas abrandaram: o cartão era lido na mesma e o pórtico
não podia apitar. Já a minha mochila, bem como a de alguns companheiros que
comigo ali ombreavam, passa de largo, com um sorriso cúmplice dos e das agentes
daquele portão. E umas piadas, ora em castelhano, ora em catalão.
Seria
essa a altura certa para que algum de nós, com intenções pouco pacíficas, de
fazer um atentado, já que tudo passava no saco. O hábito relaxou a vigilância.
Claro está que não aconteceu e ainda por aqui estou para contar a história.
Isto
tudo para servir de exemplo a uma notícia que li:
Mariano
Rajoy, primeiro-ministro de Espanha, foi obrigado a exibir a identificação
aquando da sua entrada na reunião do conselho europeu. E, ainda de acordo com a
notícia, não adiantou que os seguranças do homem tivessem tentado intervir:
teve mesmo que a mostrar.
Ainda
que não explícita neste sentido, o que li aparenta demonstrar espanto perante
tal atitude do segurança.
Só
posso aplaudir a atitude. Apesar da prática acabar por demonstrar o contrário,
ainda há quem pense que todos são iguais perante a lei e que o pratique. E que,
em questões de alta segurança, não há identificações por conhecimento visual
nem relaxe nas normas.
Espero
que os superiores do agente que assim procedeu, bem como as instâncias diplomáticas,
pensem como eu e que, no lugar de uma “rabecada”, lhe dêem um louvor.
By me
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