“Um
feliz Natal”, “Um santo Natal”, “Um bom Natal”!
É
um corrupio, nestes últimos dias! Tudo quanto é gente afirma isto para tudo
quanto é gente. À laia de despedida, no último dia em que se vêem antes da data
em causa, deseja-se “um bom Natal”, “um feliz Natal”, “Um santo Natal”. Com a
mesma ligeireza ou indiferença com que se deseja “um bom fim-de-semana”.
Eu,
confesso, canso-me até à medula de o ouvir. Porque, no fundo, incomoda-me por
um ror de motivos.
À
uma porque a maioria das bocas que o proferem não têm realmente esse desejo e
usam-no como forma coloquial, de bom-tom, quase que obrigatório.
Depois
porque muitos do que o dizem fazem-no para com pessoas com quem passaram todo
um ano, senão em guerra, pelo menos em indiferença. Um ignorar permanente
apenas quebrado por uma data arbitrária assinalada a vermelho no calendário.
Hipocrisia pura e dura!
Em
seguida porque maioria que tal diz nem sequer é crente. Crente convicta, acreditando
no seu deus e ensinamentos, daqueles que fazem questão de seguir todo o ritual
da igreja e que, no seu íntimo, fazem por ser o que os mandamentos mandam. Dos
que assim não são, alguns talvez tenham uma fézinha lá no fundo mas, na
prática, não celebram o Natal como a festa maior da sua fé. Antes como a festa
grande do consumismo. Pelo que, ao fazerem tais votos sobre o Natal, não sei se
se referem ao festejo do nascimento de Cristo, há mais de 2000 anos se à
existência de mesa farta e presentes abundantes, de preferência dispendiosos.
Acrescente-se
que, ao fazer votos sobre o Natal (ou Páscoa), está-se a presumir que quem os
recebe partilha da mesma fé ou crença. O que nem sempre é verdade. Desejar “Bom
Natal” a um Islâmico ou Judeu é, no mínimo, caricato. Para já não falar em
Animistas, Budistas, Xintoístas ou outros menos comuns por cá. No meu caso
particular, e se me quiserem desejar um “Bom Qualquer-Coisa”, que seja antes um
Solstício ou Equinócio. Estes sim, são datas comuns a todos, já que dispensam
qualquer tipo de crença: estão aí para serem constatáveis por quem o quiser
fazer e disso quiser fazer festa.
Por
fim, quem faz votos de “Um bom Natal” pode ser acusado de sovinice aguda!
Porque será que só se deseja de bom o Natal e apenas um? Se os desejos são
positivos e significam “Tudo de bom para si!”, então não será apenas “um” dia
por ano e não forçosamente um só ano, deixando de fora todos os Não-Natais e
todos os restantes anos a serem vividos ou existenciados.
Prefiro
usar de uma outra frase: “Divirtam-se e aproveitem bem a luz”. Seja qual for o dia
do ano e todos os anos do provir.
Que
divertirmo-nos e aproveitarmos o que de bom a natureza tem é uma boa forma de
cumprir um outro voto:
“Façam
o favor de serem felizes!”
By me
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