É fácil!
É fácil falar para
uma turma de alunos!
O tema vem mais ou
menos ensaiado, os conteúdos bem definidos e com margem de manobra mais que
suficiente para ajustar o discurso e a conversa em função das reacções e
perguntas vindas de quem me escuta.
Mesmo que se trate
de uma turma que encontramos pela primeira vez e com a qual ainda não criámos
laços de afecto (positivo ou negativo).
É fácil!
É fácil falar para
desconhecidos ou quase usando palavras grafadas num papel ou num ecrã.
As ideias podem
ser mais exaltadas ou tranquilas, elaboradas ou simplificadas. Há tempo para
escolher palavras, organizar frases, corrigir, atenuar ou acentuar emoções. O
tempo é todo nosso, apagar ou riscar é íntimo e privado e o resultado final
recebe a categoria de “aprovado” de quem o faz.
É fácil!
É muito fácil
fazer um pequeno discurso político ou social perante uma pequena plateia de um
café ou paragem de autocarro. As emoções podem vir ao de cima, as ideias
seguirem o seu próprio rumo e jorrarem assim que se formam. Afinal, mesmo que
vizinhos ou desconhecidos, as consequências do que possamos dizer ou incitar,
mesmo que a origem seja nossa, serão assumidas por quem ouvir. E o toma-lá-dá-cá
de uma conversa informal é fácil e fluido.
Difícil, mas difícil
mesmo, é discursar perante conhecidos e companheiros, sobre assuntos que nos
doem fundo na pele e na alma, sobre um futuro que não se perspectiva alegre. Nada
alegre mesmo! Organizar ideias leva tempo, somos objecto de escrutínio constante,
a importância do que está em causa é demasiada para que possa ser feito o
discurso guiado por emoções e impetuosidades.
Fiquei calado! No
meio de todos os outros – e éramos tantos, tantos – que comigo ouviam aqueles
que têm o discurso fácil e propostas concretas.
Mas quando for
preciso agir… Bem, espero chegar a tempo de incorporar a primeira fila. Que as
emissões só por motivos de força muito maior podem ou devem ser interrompidas.
O tal serviço público,
sabem.
By me
1 comentário:
Aqui entre nós a figura triste desta comissão de trabalhadores envergonha qualquer Português.
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