quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Dificuldades




É fácil!
É fácil falar para uma turma de alunos!
O tema vem mais ou menos ensaiado, os conteúdos bem definidos e com margem de manobra mais que suficiente para ajustar o discurso e a conversa em função das reacções e perguntas vindas de quem me escuta.
Mesmo que se trate de uma turma que encontramos pela primeira vez e com a qual ainda não criámos laços de afecto (positivo ou negativo).

É fácil!
É fácil falar para desconhecidos ou quase usando palavras grafadas num papel ou num ecrã.
As ideias podem ser mais exaltadas ou tranquilas, elaboradas ou simplificadas. Há tempo para escolher palavras, organizar frases, corrigir, atenuar ou acentuar emoções. O tempo é todo nosso, apagar ou riscar é íntimo e privado e o resultado final recebe a categoria de “aprovado” de quem o faz.

É fácil!
É muito fácil fazer um pequeno discurso político ou social perante uma pequena plateia de um café ou paragem de autocarro. As emoções podem vir ao de cima, as ideias seguirem o seu próprio rumo e jorrarem assim que se formam. Afinal, mesmo que vizinhos ou desconhecidos, as consequências do que possamos dizer ou incitar, mesmo que a origem seja nossa, serão assumidas por quem ouvir. E o toma-lá-dá-cá de uma conversa informal é fácil e fluido.

Difícil, mas difícil mesmo, é discursar perante conhecidos e companheiros, sobre assuntos que nos doem fundo na pele e na alma, sobre um futuro que não se perspectiva alegre. Nada alegre mesmo! Organizar ideias leva tempo, somos objecto de escrutínio constante, a importância do que está em causa é demasiada para que possa ser feito o discurso guiado por emoções e impetuosidades.
Fiquei calado! No meio de todos os outros – e éramos tantos, tantos – que comigo ouviam aqueles que têm o discurso fácil e propostas concretas.
Mas quando for preciso agir… Bem, espero chegar a tempo de incorporar a primeira fila. Que as emissões só por motivos de força muito maior podem ou devem ser interrompidas.
O tal serviço público, sabem.  

By me

1 comentário:

Anónimo disse...

Aqui entre nós a figura triste desta comissão de trabalhadores envergonha qualquer Português.