Nas minhas costas
uma grade, fazendo limite entre a zona passível de ser usada por esta gente, em
vigília pelo Serviço Público de Televisão e Rádio, e o espaço de 100 metros
definido como zona de segurança pela PSP entre nós e a residência oficial do
primeiro-ministro.
Alguma animação,
com palavras de ordem, cançonetas humorísticas frases dirigidas ao
primeiro-ministro.
Cordialidade e
alguma alegria aparente, que os espíritos, preparados para lutas mais duras, não
estão tão satisfeitos quanto mostram.
Enquanto mais nada
acontecia, quedei-me à conversa com um agente da PSP, conhecido de outras
andanças fotográficas e bem mais simpáticas, ali para o Jardim da Estrela.
Conversa banal
entre duas pessoas em lados opostos da barricada, tão banal e tranquila que pôde
ser interrompida por um seu camarada que lhe vinha perguntar se amanhã estaria
num tal jantar que andavam a combinar. A resposta, titubeante, estava em linha
com todos os demais portugueses:
“Eh pah, estamos
em austeridade e há que apertar o cinto. Não sei vai dar.”
Pergunto-me se,
num amanhã não muito distante, um dos lados de uma qualquer barricada não
estiver tão tranquilo quanto hoje, este mesmo agente usará das armas e utensílios
que tem no cinto para com gente que conhece e com quem partilha dificuldades e
austeridade.
By me
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