terça-feira, 18 de setembro de 2012

Dificuldades e austeridades




Nas minhas costas uma grade, fazendo limite entre a zona passível de ser usada por esta gente, em vigília pelo Serviço Público de Televisão e Rádio, e o espaço de 100 metros definido como zona de segurança pela PSP entre nós e a residência oficial do primeiro-ministro.
Alguma animação, com palavras de ordem, cançonetas humorísticas frases dirigidas ao primeiro-ministro.
Cordialidade e alguma alegria aparente, que os espíritos, preparados para lutas mais duras, não estão tão satisfeitos quanto mostram.
Enquanto mais nada acontecia, quedei-me à conversa com um agente da PSP, conhecido de outras andanças fotográficas e bem mais simpáticas, ali para o Jardim da Estrela.
Conversa banal entre duas pessoas em lados opostos da barricada, tão banal e tranquila que pôde ser interrompida por um seu camarada que lhe vinha perguntar se amanhã estaria num tal jantar que andavam a combinar. A resposta, titubeante, estava em linha com todos os demais portugueses:
“Eh pah, estamos em austeridade e há que apertar o cinto. Não sei vai dar.”
Pergunto-me se, num amanhã não muito distante, um dos lados de uma qualquer barricada não estiver tão tranquilo quanto hoje, este mesmo agente usará das armas e utensílios que tem no cinto para com gente que conhece e com quem partilha dificuldades e austeridade.

By me 

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