Talvez que o mais
importante do que aconteceu em sete dias em Portugal, entre 15 de Setembro e 21
de Setembro, seja o constatar-se que os seus cidadãos já não querem deixar por
mãos alheias os destinos do país.
Mesmo que
amarrados a um sistema de Democracia Representativa, em os representantes
(deputados, presidente, governantes) ficam plenipotenciários das decisões.
Começa a ficar
claro algo nas mentes de quem esteve nestes dois dias nas ruas, bem como na
daqueles que não estiveram mas seguiram pelos média os acontecimentos e até nos
que não seguiram mas que deles souberam por terceiros:
Que o deixar a
alguns – poucos – outros a possibilidade de decidirem seria e definitivamente sobre
os destinos dos demais é algo que se não quer.
Por outras
palavras, diria eu que a principal mensagem que nestes dias foi passada se
traduz em “Vocês ainda vão decidindo, mas só aquilo que nós queremos que
decidam!”
Estou em crer,
também, que os confrontos entre a vontade do poder instituído e a vontade real
dos cidadãos ainda não terminou. E que se agudizará.
Tal como espero
que a lei seja alterada na forma como os eleitos representam e dão contas do
seu trabalho perante os eleitores. Passaria isto por alterar a lei eleitoral,
retirando o poder decisório e fechado do parlamento e devolvendo-o aos
eleitores, podendo eles interpelar directamente os eleitos e pedir-lhes contas
das suas decisões.
Esta alteração não
será fácil nem efectuada de bom grado.
Implicaria que os
deputados, que fazem as leis, acedessem a perder parte do poder quase absoluto
que possuem.
Implicaria que as
organizações privadas a que chamamos de “partidos políticos” perdessem parte do
seu poder sobre a coisa pública.
Implicaria que o
chamado “cidadão comum” entendesse e quisesse sair do seu conforto para
participar das decisões colectivas.
São muitos “implicaria”
e mudanças para que aconteçam numa semana e numa sociedade tradicionalmente
comodista.
Mas esta semana
foi, acredito, um primeiro passo nesse caminho.
By me
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