sábado, 22 de setembro de 2012

21 de Setembro - O sétimo dia


Talvez que o mais importante do que aconteceu em sete dias em Portugal, entre 15 de Setembro e 21 de Setembro, seja o constatar-se que os seus cidadãos já não querem deixar por mãos alheias os destinos do país.
Mesmo que amarrados a um sistema de Democracia Representativa, em os representantes (deputados, presidente, governantes) ficam plenipotenciários das decisões.
Começa a ficar claro algo nas mentes de quem esteve nestes dois dias nas ruas, bem como na daqueles que não estiveram mas seguiram pelos média os acontecimentos e até nos que não seguiram mas que deles souberam por terceiros:
Que o deixar a alguns – poucos – outros a possibilidade de decidirem seria e definitivamente sobre os destinos dos demais é algo que se não quer.  
Por outras palavras, diria eu que a principal mensagem que nestes dias foi passada se traduz em “Vocês ainda vão decidindo, mas só aquilo que nós queremos que decidam!”
Estou em crer, também, que os confrontos entre a vontade do poder instituído e a vontade real dos cidadãos ainda não terminou. E que se agudizará.

Tal como espero que a lei seja alterada na forma como os eleitos representam e dão contas do seu trabalho perante os eleitores. Passaria isto por alterar a lei eleitoral, retirando o poder decisório e fechado do parlamento e devolvendo-o aos eleitores, podendo eles interpelar directamente os eleitos e pedir-lhes contas das suas decisões.
Esta alteração não será fácil nem efectuada de bom grado.
Implicaria que os deputados, que fazem as leis, acedessem a perder parte do poder quase absoluto que possuem.
Implicaria que as organizações privadas a que chamamos de “partidos políticos” perdessem parte do seu poder sobre a coisa pública.
Implicaria que o chamado “cidadão comum” entendesse e quisesse sair do seu conforto para participar das decisões colectivas.

São muitos “implicaria” e mudanças para que aconteçam numa semana e numa sociedade tradicionalmente comodista.
Mas esta semana foi, acredito, um primeiro passo nesse caminho.













By me

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