quinta-feira, 26 de julho de 2018

Privatizações




Leio que o Miradouro de Santa Catarina em Lisboa, vulgo “Adamastor”, vai ser vedado e com horário de funcionamento.
O edil que o afirma acrescenta que continuará a ser público mas condicionado.
A justificação prende-se com o “excesso de carga” do local, com demasiada gente de noite, com a sujidade no local, com o tráfico de droga… E acrescentam que pensam em atribuir a responsabilidade da manutenção do local a quem gere o quiosque ali situado.
Na raiz da decisão estarão as queixas dos moradores da zona.
Recorda-me isto outros locais públicos que o estão a deixar de ser, com condicionantes horárias ou barreiras físicas, transformando a cidade e o seu usufruto numa espécie de “condomínio semi-fechado”.
Quando o espaço público é retirado do público, mesmo que parcialmente, porque alguns o conspurcam ou dele abusam, algo de errado está ligado ao conceito de “público”.

Como disse Saramago:
Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.”



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