Leio que o Miradouro de Santa Catarina em Lisboa, vulgo “Adamastor”,
vai ser vedado e com horário de funcionamento.
O edil que o afirma acrescenta que continuará a ser público
mas condicionado.
A justificação prende-se com o “excesso de carga” do local,
com demasiada gente de noite, com a sujidade no local, com o tráfico de droga…
E acrescentam que pensam em atribuir a responsabilidade da manutenção do local
a quem gere o quiosque ali situado.
Na raiz da decisão estarão as queixas dos moradores da zona.
Recorda-me isto outros locais públicos que o estão a deixar
de ser, com condicionantes horárias ou barreiras físicas, transformando a
cidade e o seu usufruto numa espécie de “condomínio semi-fechado”.
Quando o espaço público é retirado do público, mesmo que
parcialmente, porque alguns o conspurcam ou dele abusam, algo de errado está
ligado ao conceito de “público”.
Como disse Saramago:
“Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu,
privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a
nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos
abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se
os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas,
mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já
agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.”
By me
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