As cartas de amor são sempre estúpidas. E fúteis. E tolas.
Tentam pôr por palavras aquilo para que ainda não se
encontraram palavras, tentam organizar sentimentos desorganizados, tentam
materializar o imaterial.
As cartas de amor, para além de estúpidas, fúteis e tolas,
também são algo que escrevemos, uma ou várias vezes na vida. Com a caneta, com
as teclas, com a luz. As cartas de amor são escritas de acordo com o que cada
um sabe ou pode fazer.
As cartas de amor, para além de estúpidas e fúteis e tolas e
múltiplas, são também inúteis. Que ninguém se apaixona pelas cartas de amor que
recebe. Nem ninguém se apaixona pelas cartas de amor que escreve.
As cartas de amor, para além de estúpidas e fúteis e tolas e
múltiplas e inúteis, são também perigosas. Que uma carta de amor fica, para
além do tempo. E mesmo que queimada, rasgada, apagada, palavras e sentimentos
não se apagam. O que lá estiver, não importa como, fica para sempre gravado. Em
quem leu e em quem escreveu. E o que se sente depois de ler ou de escrever, por
muitas tolices e inutilidades e futilidades que se digam, pode ser bom ou mau,
dependendo do tempo que passou e das cartas que, entretanto, se escreveram ou
leram.
Apesar de tudo, as cartas de amor são magníficas, mesmo que
estúpidas e fúteis e inúteis e tolas e perigosas. De escrever e de receber.
Quase tão boas quanto amar!
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