segunda-feira, 9 de julho de 2018

Desculpem o desabafo, mas…




Um destes dias, numa lojinha que frequento que vende de cigarros a cópia de chaves, passando por raspadinhas e fotocópias, ouvi o empregado recém-admitido dizer a uma cliente: “Lamento mas não sei fazer. Não me deram formação nisto…”
Agora leio um título num jornal em que um jogador de futebol, justificando a sua decisão, afirma: “Ninguém me ensinou a lidar com ameaças.”

É assim que estamos: justificamos as nossas decisões e actos com o que nos ensinaram ou não ensinaram. Não oiço dizer “não aprendi” e menos ainda “ainda não aprendi”!
Estamos a colocar as nossas competências e saberes na dependência do que nos dizem, no que passivamente aprendemos ou não, no lugar de irmos nós mesmos em busca desses saberes, no iluminarmos a escuridão da nossa ignorância, no procurarmos, cada um de nós, ir mais longe porque queremos e não porque nos empurram.
Usando uma expressão estafada, estamos cada vez mais transformados em carneirada, sempre à espera de um líder ou mentor, amorfos num pseudo-conforto, acreditando que o futuro, seja ele qual for, nos cairá no colo por acção e graça de um qualquer deus ou acção de formação.
E quando virmos o cutelo ou a não renovação de contrato ou a lei que nos é prejudicial, diremos que “eles” são isto ou aquilo, filhos desta ou daquela, sem ponderarmos sequer que fomos nós que não procurámos nem construímos, deixando-os decidir e fazer por nós.



By me

Sem comentários: