Um destes dias, numa lojinha que frequento que vende de
cigarros a cópia de chaves, passando por raspadinhas e fotocópias, ouvi o
empregado recém-admitido dizer a uma cliente: “Lamento mas não sei fazer. Não
me deram formação nisto…”
Agora leio um título num jornal em que um jogador de
futebol, justificando a sua decisão, afirma: “Ninguém me ensinou a lidar com
ameaças.”
É assim que estamos: justificamos as nossas decisões e actos
com o que nos ensinaram ou não ensinaram. Não oiço dizer “não aprendi” e menos
ainda “ainda não aprendi”!
Estamos a colocar as nossas competências e saberes na
dependência do que nos dizem, no que passivamente aprendemos ou não, no lugar
de irmos nós mesmos em busca desses saberes, no iluminarmos a escuridão da
nossa ignorância, no procurarmos, cada um de nós, ir mais longe porque queremos
e não porque nos empurram.
Usando uma expressão estafada, estamos cada vez mais
transformados em carneirada, sempre à espera de um líder ou mentor, amorfos num
pseudo-conforto, acreditando que o futuro, seja ele qual for, nos cairá no colo
por acção e graça de um qualquer deus ou acção de formação.
E quando virmos o cutelo ou a não renovação de contrato ou a
lei que nos é prejudicial, diremos que “eles” são isto ou aquilo, filhos desta ou
daquela, sem ponderarmos sequer que fomos nós que não procurámos nem
construímos, deixando-os decidir e fazer por nós.
By me
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