Volta e meia faço isto: por falta de inspiração, vou
procurar algum texto ou fotografia de arquivo para alimentar o contínuo
on-line.
Desta feita tropecei nesta imagem. Tem seis anos e não vou
recuperar o respectivo texto. Mas vou relatar as suas circunstâncias.
Tratava-se de uma acção de formação em fotografia.
Chamava-lhe eu “trocas fotográficas”.
Os destinatários não tinham que ter nenhum pré requisito.
Bastaria terem uma câmara fotográfica qualquer e pouco importando o nível de
conhecimentos que possuíssem.
O objectivo era fornecer “ferramentas” técnicas, estéticas e
semióticas que permitissem aos participantes tirarem partido da fotografia nos
seus quotidianos, saberem “rentabilizar” o seu equipamento, melhorarem o seu
olhar para o mundo, saberem comparar o que os olhos vêem com o que alma vê e
isso tudo com o que a câmara vê. E saberem como passar tudo isso para o público
que tivessem.
O nome “trocas fotográficas” advinha da forma de fazer o
negócio: trocávamos o que tínhamos. Eu dava algum conhecimento e proporcionava o
esclarecer dúvidas com teorias e práticas e recebia o que os participantes
entendessem por bem entregar, com a única condicionante de ter sido feito pelo
próprio. Uma forma de conjugar o evoluir fotográfico de cada um com uma
proposta política e filosófica de sociedade.
Em boa verdade, também teria feito estas acções em troca de
coisa alguma. Mas o certo é que, no actual estado da sociedade, a aprendizagem
seria menor. Que o simples facto de terem pensado no que dar em troca fazia com
que as suas mentes estivessem mais dispostas a aprender, já que estavam a “pagar”
por isso. E de uma forma personalizada e não com o impessoal dinheiro, quantas
vezes desbaratado e inconsequente.
Como metodologia, fazia eu um misto de conteúdos previstos
para o dia e respostas às dúvidas surgidas, muitas vezes na origem dos
conteúdos da sessão seguinte. Mais que ser eu a dizer o que teriam que aprender,
eram eles que me iam sugerindo o que queriam saber, motivados por dúvidas já
tidas ou ali provocadas.
Neste dia propus-lhes que, durante o passeio que fizemos,
fotografassem o que entendessem com uma condicionante: Para além do eventual
fundo (parede, céu, etc.) só poderiam incluir no máximo duas cores. Em
absoluto.
Exercício difícil, que exige bem mais da capacidade de ver e
analisar o que queremos registar e mostrar que soluções técnicas ou estéticas. Para
isso estava lá eu para dar algumas sugestões perante dificuldades. Que é uma
das vantagens (que também as há) na aprendizagem da fotografia com o digital: a
possibilidade de, no momento, verificar se as opções foram as melhores ou não e
fazer alterações técnicas ou de abordagem. Nas mesmas condições de tomada de
vista.
Esta imagem foi uma das que eu fiz.
By me
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