segunda-feira, 9 de julho de 2018

D'arquivo




Volta e meia faço isto: por falta de inspiração, vou procurar algum texto ou fotografia de arquivo para alimentar o contínuo on-line.
Desta feita tropecei nesta imagem. Tem seis anos e não vou recuperar o respectivo texto. Mas vou relatar as suas circunstâncias.
Tratava-se de uma acção de formação em fotografia. Chamava-lhe eu “trocas fotográficas”.
Os destinatários não tinham que ter nenhum pré requisito. Bastaria terem uma câmara fotográfica qualquer e pouco importando o nível de conhecimentos que possuíssem.
O objectivo era fornecer “ferramentas” técnicas, estéticas e semióticas que permitissem aos participantes tirarem partido da fotografia nos seus quotidianos, saberem “rentabilizar” o seu equipamento, melhorarem o seu olhar para o mundo, saberem comparar o que os olhos vêem com o que alma vê e isso tudo com o que a câmara vê. E saberem como passar tudo isso para o público que tivessem.
O nome “trocas fotográficas” advinha da forma de fazer o negócio: trocávamos o que tínhamos. Eu dava algum conhecimento e proporcionava o esclarecer dúvidas com teorias e práticas e recebia o que os participantes entendessem por bem entregar, com a única condicionante de ter sido feito pelo próprio. Uma forma de conjugar o evoluir fotográfico de cada um com uma proposta política e filosófica de sociedade.
Em boa verdade, também teria feito estas acções em troca de coisa alguma. Mas o certo é que, no actual estado da sociedade, a aprendizagem seria menor. Que o simples facto de terem pensado no que dar em troca fazia com que as suas mentes estivessem mais dispostas a aprender, já que estavam a “pagar” por isso. E de uma forma personalizada e não com o impessoal dinheiro, quantas vezes desbaratado e inconsequente.
Como metodologia, fazia eu um misto de conteúdos previstos para o dia e respostas às dúvidas surgidas, muitas vezes na origem dos conteúdos da sessão seguinte. Mais que ser eu a dizer o que teriam que aprender, eram eles que me iam sugerindo o que queriam saber, motivados por dúvidas já tidas ou ali provocadas.

Neste dia propus-lhes que, durante o passeio que fizemos, fotografassem o que entendessem com uma condicionante: Para além do eventual fundo (parede, céu, etc.) só poderiam incluir no máximo duas cores. Em absoluto.
Exercício difícil, que exige bem mais da capacidade de ver e analisar o que queremos registar e mostrar que soluções técnicas ou estéticas. Para isso estava lá eu para dar algumas sugestões perante dificuldades. Que é uma das vantagens (que também as há) na aprendizagem da fotografia com o digital: a possibilidade de, no momento, verificar se as opções foram as melhores ou não e fazer alterações técnicas ou de abordagem. Nas mesmas condições de tomada de vista.

Esta imagem foi uma das que eu fiz.



By me

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