“E quer o número
de contribuinte na factura?” perguntou-me ela, enquanto me dava o troco em
moedinhas.
Hesitei. Não sabia
se ironizaria se falaria a sério.
Mas a expressão
que lhe vi na cara, resultado da involuntária cara mesmo feia que fiz
elucidou-me.
“Sabe! Andei a
fugir dos contínuos do liceu para que não me denunciassem na PIDE devido aos
panfletos contra a guerra colonial que distribui e ajudei e escrever. E acha
que vou colaborar nesta bufaria governamentalmente acarinhada? Mas é que nem
pense”
E peguei no
tabuleiro do jantar e segui para a minha mesa.
Mas ainda tive
tempo de ouvir a sua voz sumida balbuciar “Desculpe!”
Este texto não
ilustro. Que entre o verde de raiva e o vermelho de cólera… não sei que use e
que me descreva.
By me
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