Veio
o Manuel Alegre falar no assunto e logo, alegremente, uns quantos (muitos)
falaram também.
Refiro-me
à eventual transladação dos restos mortais de salgueiro Maia para o Panteão
Nacional.
Em
boa verdade, não necessita.
A
Câmara Municipal de Lisboa já se encarregou, há uns anos valentes, de fazer uma
homenagem ao homem.
No
largo do Carmo, mesmo em frente ao quartel da GNR onde Marcelo Caetano se
rendeu em ’74, está uma placa evocativa. É redonda, está mesmo ao nível do chão
e nada a faz sobressair do resto da calçada. A ponto de a maior parte das
pessoas, que não prestam atenção ao local onde põe os pés, nem se darem por
estarem a pisar um dos homens da revolução. Um que deu a cara e o peito e que,
em fazendo o que tinha a fazer, regressou a quartéis, deixando a democracia então
restaurada ao cuidado dos portugueses.
É,
talvez, a mais ignóbil homenagem que se lhe poderia fazer: mesmo que naquele
local e mesmo que respeitando a sua modéstia, o quase que apagar a sua memória.
Mas
eu não quero que ele seja levado para o Panteão. Se querem respeitar a sua memória,
se o querem mesmo engrandecer, então façam como ele fez: lutem e cheguem-se à
frente por aquilo em que acreditam, façam por que o país seja melhor e não
entregue a uns quantos, por azar eleitos, que mais respeitam interesses bancários
que o dos cidadãos.
No
Panteão quero ver – e muito rapidamente – os restos mortais daqueles que, mesmo
eleitos, estão a transformar o país num centro comercial de serviços, incapaz
de produzir riqueza ou ser auto-suficiente, à mercê de jogatinas internacionais
e onde os cidadãos nacionais mais não são que carne p’ra canhão numa guerra que
não é a nossa.
Se
querem homenagear Salgueiro Maia, saiam do vosso sofá e mantenham o país vivo!
Quanto
ao resto, este é nome da minha rua. Tendo numa ponta Florbela Espanca e na
outra Agostinho da Silva.
Não
creio que pudesse estar melhor acompanhado.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário