A
história tem quase ano e meio.
Soube
um dia, num fórum da net sobre fotografia, que uma pessoa tinha pedido a tampa
de uma objectiva.
Fiquei
igualmente triste, como é natural. Não apenas porque é sempre triste perder-se
algo como um objectiva sem tampa é quase como um jardim sem flores: triste.
Para
já nem falar na sua utilidade.
Acresce
a esta situação que o local de residência dessa pessoa fica realmente longe,
bem longe, de lojas que vendam tampas de objectiva. Na melhor das hipóteses,
naquela zona vendem-se tampas de tachos, mas nem isso garanto.
Dadas
as circunstâncias, entrei em contacto com a pessoa e ofereci-me para lhe
encontrar por cá uma tampa. De preferência idêntica à perdida ou, em
alternativa, que fizesse o efeito, mesmo que não da marca em causa.
Acrescentava
eu que não queria dinheiro de volta (a minha relação com dinheiro não é das
melhores) mas tão só que me enviasse algo típico do local onde vivia e que eu não
conheço.
NOTA
– Tenho feito este tipo de propostas com diversas pessoas, de diversos pontos
do globo, sempre com sucesso e satisfação das partes envolvidas.
Aceite o negócio, pus-me
em campo. Como eu suspeitava, não encontrei por cá uma da marca. É coisa que se
perde com facilidade mas que não se encontra à venda da mesma forma. Mas
encontrei uma outra, do mesmo tamanho. Que lhe enviei por correio.
Ainda hoje, quase
ano e meio passado, estou à espera de receber algo pelos correios.
Estou triste e
desiludido coma pessoa em causa. Não tenho o desprazer de a conhecer pessoalmente
e não creio que tal venha a acontecer. Não quero andar de avião e não me
apetece nadar meio oceano. E a minha desilusão é tanto maior quanto a pessoa em
causa se afirma solidária e defensora de causas justas e meritórias. Sociais e
políticas.
Quanto ao resto,
continuarei a fazer como até aqui: a disponibilizar-me para intervir onde posso
e posso fazer falta. Sempre com este tipo de negócio: sem dinheiros envolvidos.
É muito mais divertido, personalizado e seguramente não taxavel.
A história, essa,
fica como sendo a excepção que confirma a regra sobre a honestidade do ser
humano.
By me
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