Aprendi isto com
um velho parente, falecido há muito.
Trabalhava ele
numa estamparia e serigrafia e estava encarregue das artes gráficas.
Para além dos
desenhos por ele criados e do tratamento que dava aos que lhes eram trazidos
pelos clientes, era também ele que se encarregava de todo o processo de abrir
os quadros de seda que haveriam de permitir a impressão das tintas. E isso
implicava técnicas de fotografia e laboratório, de muito rigor, incluindo o
trabalho de retoque. Aquilo que hoje se faz em minutos num computador, levava
então horas, quando não dias, a fazer.
E era também ele
que tratava de fazer os químicos que usava.
Nada de comprar as
fórmulas já feitas. Nem pensar. Comprava a hidroquinona, o bórax, o metol, óxido
de prata e o que mais fosse necessário e misturava-os ele, seguindo ou não a
fórmula original de acordo com as necessidades: sensibilizar as sedas, positivos,
fotolitos…
Passei eu lá,
nessa fábrica, algumas semanas de verão, em vários anos, agarrado à guilhotina
a cortar galhardetes, etiquetas e o mais que ali se fazia, para ganhar uns
trocos para as férias. E, nos entretantos, ia aprendendo este ou aquele truque
do ofício.
Um deles
referia-se a um mal de que muito boa gente sofre nesta altura do ano e que não
sabe bem como tratar: frieiras.
Pois contou-me
esse parente que para tratar as frieiras (sem ferida aberta) nada como
revelador de película, já gasto.
Faz-se uma
“boneca” com algodão e gaze, embebe-se nesse líquido e, gentilmente, vai-se
aplicando nas zona a tratar. Deixa-se assim ficar uns quatro a cinco minutos,
após o que se deve lavar bem com água tépida e sabão. Uma vez de manhã, outra à
noite. Em três a quatro dias está o assunto resolvido.
Nunca precisei eu
de tal remédio. Frieira é “coisa que não me assiste”.
Mas recomendei a
várias pessoas e, das que tinham acesso a revelador, disseram-me que funciona.
Mezinhas
antigas, artesanais, sem haver que recorrer a médico ou curandeiro. Com a
grande vantagem de reciclar os químicos usados. Ou, pelo menos, dar-lhes mais
um uso antes de serem descartados.
Não
creio que hoje as frieiras se curem com cartões de memória ou macros de
photoshop.
By me
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