Eis
como poderia apresentar-se um quadro de resumo das diferentes funções e
significados da cor amarela na cultura ocidental, tal como são invocados nas
entradas deste dicionário.
1)
Cor da luz e do calor;
A
mais luminosa das cores; pinta-se de amarelo aquilo que tem que se ver bem
(bola de ténis);
Nos
seus desenhos, as crianças pintam a luz sempre de amarelo (portas ou janelas
iluminadas);
Cor
do sol, das férias, ligadas aos tempos livres. Contrário do cinzento, da vida
quotidiana (cf. Publicidade).
2)
Cor da prosperidade e da riqueza:
Antigamente,
as espigas de trigo, os cereais, símbolos da riqueza;
O
ouro, os tesouros, as moedas. Assimilação amarelo/ouro;
Cor
dos ricos e dos poderosos (cor do imperador na China);
Camisola
amarela no primeiro classificado na Volta à França (Na origem deste amarelo
está a do jornal L’Auto, que organiza a competição).
3)
Cor da alegria, da energia:
Gosto
das crianças pela cor amarela;
Medicamentos
tónicos, fortificantes: de cor amarela ou alaranjada.
4)
Cor da doença e da loucura:
Cor
da bílis das doenças do coração, da acidez (amarelo/esverdeado);
Cor
do enxofre (má reputação);
Cor
da loucura (associada ao verde), pelo menos a partir do séc. XIII; cor da
extravagancia e do disfarce.
5)
Cor da mentira e da traição:
Cor
de Judas e da Sinagoga (Idade Média);
Cor
imposta aos Judeus (estrela amarela), aos excluídos e aos reprovados;
Cor
dos traidores, dos cavaleiros desleais, dos falsos moedeiros (no séc. XVI as
suas casas eram pintadas de amarelo);
Cor
dos fura-greves, dos trabalhadores que atraiçoam em favor do patronato;
Cor
dos maridos enganados (já atestada no séc. XVII.
6)
Cor do declínio, da melancolia, do Outono:
Tudo
o que é “amarelecido”.
In:
“Dicionário das cores do nosso tempo”, por Michel Pastoureau, 1992, Editorial
Estampa, Lisboa, 1997
Sem comentários:
Enviar um comentário