quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Insólitos Old-Fashion



Ontem as redes sociais andaram mais ou menos ocupadas (mais menos que mais felizmente) referindo ter sido o dia do fotógrafo.
E alguns fizeram-me o especial favor de me referir nessa efeméride. O que agradeço, pese embora a fraca qualidade do que vou fazendo.
No entanto, gostaria de deixar aqui uma correcção:
O dia do fotógrafo em 8 de Janeiro é uma data que, ao que sei, é apenas comemorada no Brasil. E não sei com rigor porque motivo. Por aquilo que li na web, terá a ver com a data em que terá chegado a invenção ao Brasil.
Por outro lado, o Dia Mundial da Fotografia celebra-se em 19 de Agosto. Terá sido nessa data que a fotografia terá sido apresentada oficialmente ao público, concretamente na Academia de Ciências de Paris. Indo um pouco mais longe, o seu “pai” foi Daguerre (entenda-se que há ainda discórdia sobre a paternidade da fotografia, já que o processo se desenvolvia em paralelo na Inglaterra, pela mão de Fox Talbot). A não existência de comunicações fáceis e rápidas permitia isto: para um mesmo problema as mesmas ou parecidas soluções autónomas em diversos pontos do globo.
Em qualquer dos casos, saiba-se que Daguerre não quis patentear a sua invenção, e disso receber os direitos de exploração. Na academia ofereceu-a ao mundo.
Foi este desinteresse material que permitiu que tantos a desenvolvessem tão rapidamente (considerando as tecnologias da época) e que hoje ela seja o que é.

Por mim, não celebro em particular nenhuma data. É quase que um sacrilégio dizer que há um dia especial para a fotografia quando a pratico todos os dias, sempre com o mesmo apreço e empenho, pese embora a qualidade do que faço.
Se quiserem um dia para a fotografia, proponho que seja… 365 dias por ano. Proponho que a celebrem com o fazer de uma fotografia por dia (pelo menos), proponho que vejam exposições, livros, revistas, que saibam como outros a praticam e que se aprenda com eles: na técnica, na estética, na ética, na semiótica. Nos “porquês” e nos “comos” de fazer fotografia.
E, se quiserem levar a coisa um nico mais longe, ponderem os “porquês” de vocês fazerem fotografia. Que afectos ou desafectos, que cobiças ou desdéns, que emoções vos levam a olhar com olho fotográfico e a usar a câmara, não importa custos ou complexidades.
Que, em sabendo o porquê de fotografarmos, o como o fazer é sempre tão mais fácil!

Mesmo que seja só “para mais tarde recordar”, como este encontro fugaz entre um falso fotógrafo À-Lá-Minuta tuga e uma turista vinda dos antípodas.

By me 

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