Volta
e meia manifesto publicamente a aversão que tenho ao desporto em geral.
Alguns,
os que já me conhecem, nem já ligam. E acaba por ser uma galhofa geral se, num
grupo, alguém que me não conhece nessa faceta, me pergunta algo sobre a matéria.
Sendo que sou o primeiro a gargalhar com isso.
Noutras
ocasiões afino monumentalmente quando se muda de canal televisivo ou se aumenta
o som para se assistir ou ouvir um encontro desportivo. Em regra futebol. E
engalinho com a coisa porque, se por um lado não é perguntado aos presentes se
tal pode ser feito, por outro porque o som dessas competições me complica seriamente
com o nervos.
Porquê?
Fácil e difícil ao mesmo tempo.
O
desporto é, na sua essência, uma competição. Tem vários nomes ou designações
mas é sempre uma competição. Um confronto. Uma disputa.
E
delas apenas um será o vencedor. Que o que importa é haver um vencedor. Poderão
existir dois ou dois mil vencidos, mas o que importa é o vencedor. É aquele que
salta mais alto, que corre mais rápido, que mete mais golos. Numa competição, o
que importa é que alguém seja mais que os outros.
Vejamos,
a título de exemplo, o atletismo: Numa corrida de 100 metros, podem os oito
corredores bater o recorde mundial, atingindo velocidades nunca antes
alcançadas. Mas aquilo que conta, tanto para o pódio como para os media e o público
em geral, é quem fica no seu lugar cimeiro.
Competição!
Ser mais que os outros. Ser melhor e mais importante que os outros!
Isto
eu não quero! Não centro a minha vida, no todo ou em parte, em comparações com
terceiros. Não tenho por objectivo, por pequeno que seja, ser mais ou melhor
que alguém. Recuso entrar em competição!
A
única competição que aceito – e essa é permanente – é ser mais ou melhor que eu
mesmo. Que aquilo que faço – exercício físico ou não – seja melhor que aquilo
que fiz ontem. Uma procura de perfeição ou de resultados em que a única bitola
sou eu mesmo. E as únicas vitórias ou derrotas são sobre mim mesmo.
A
competição, em saindo das pistas, estádios ou pavilhões, chama-se violência.
Por vezes psicológica, outras físicas. Económicas incluídas. No limite, a competição,
o confronto com vitória e derrota, chama-se guerra. Com tudo o que a isso está
associado. E não creio que alguém, de boa saúde mental, deseje a guerra. A
menos que tenha por objectivo a tal situação de “mais”: mais vendas de
armamento, mais espaço vital, mais glória pessoal ou grupal. E se se a não
deseja em tamanho XL, também não faz sentido procurá-la em tamanho mini: a
competição dita saudável.
Faço
muita questão de não competir com terceiros: por um lugar sentado no comboio,
por um prémio de fotografia, por uma taça desportiva.
E
incomoda-me seriamente quando os outros, mesmo sem terem consciência disso, me
querem impor um modo de viver em competição permanente. Desporto incluído.
By me
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