Pensava
eu que já tinha visto muito e que seria difícil de me surpreenderem…Como eu
estava enganado!
Não
interessa como nem porquê, sou confrontado com uma senhora, de uns trintas bem
medidos, a fazer fotografias de interior de um local de trabalho.
Apesar
de a não conhecer, fez-me dó o que via e ouvia. Que ela usava a sua DSLR à mão
e, com a realmente pouca luz que ali existe, o ruído do obturador era
pungentemente longo. Aquelas fotografias iam ficar tremidas, fosse qual fosse o
sistema estabilizador usado.
Tentei
ser simpático e prontifiquei-me a emprestar-lhe a minha “corrente de autoclismo”.
Trata-se de uma corrente metálica, banal, que presa na base da câmara, deixando
cair a outra ponta até ao chão, pisada e empurrando a câmara para cima, aumenta
significativamente a estabilidade do conjunto. Sem grande prática, um a dois
stops, com prática dois a três stops.
Tenho-a
sempre comigo.
Claro
que estranhou o dispositivo e, muito a contra-gosto, lá o experimentou. “Não me
ajeito!”, disse-me.
“Bem”,
disse-lhe eu, “Com esta luz e esse tempo de exposição, essas fotografias vão
ficar tremidas p’la certa.”
“Não
faz mal”, ouvi eu. “São para pôr na net.”
Estive
vai-não-vai para lhe perguntar se, em sendo para “pôr na net”, não seria bem
mais barato e leve usar um telemóvel. Ou mesmo um tablet. A falta de qualidade é
equivalente e, “para pôr na net”, qualquer treta serve.
Mas
ela estava tão orgulhosa da sua DSLR Cânon, sem pára-sol e com um estojo de
oferta, que não tive coragem.
Limitei-me
a concordar e a acrescentar que uns efeitos giros no photoshop ajudariam.
By me
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