terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A corrente



Pensava eu que já tinha visto muito e que seria difícil de me surpreenderem…Como eu estava enganado!

Não interessa como nem porquê, sou confrontado com uma senhora, de uns trintas bem medidos, a fazer fotografias de interior de um local de trabalho.
Apesar de a não conhecer, fez-me dó o que via e ouvia. Que ela usava a sua DSLR à mão e, com a realmente pouca luz que ali existe, o ruído do obturador era pungentemente longo. Aquelas fotografias iam ficar tremidas, fosse qual fosse o sistema estabilizador usado.
Tentei ser simpático e prontifiquei-me a emprestar-lhe a minha “corrente de autoclismo”. Trata-se de uma corrente metálica, banal, que presa na base da câmara, deixando cair a outra ponta até ao chão, pisada e empurrando a câmara para cima, aumenta significativamente a estabilidade do conjunto. Sem grande prática, um a dois stops, com prática dois a três stops.
Tenho-a sempre comigo.
Claro que estranhou o dispositivo e, muito a contra-gosto, lá o experimentou. “Não me ajeito!”, disse-me.
“Bem”, disse-lhe eu, “Com esta luz e esse tempo de exposição, essas fotografias vão ficar tremidas p’la certa.”
“Não faz mal”, ouvi eu. “São para pôr na net.”
Estive vai-não-vai para lhe perguntar se, em sendo para “pôr na net”, não seria bem mais barato e leve usar um telemóvel. Ou mesmo um tablet. A falta de qualidade é equivalente e, “para pôr na net”, qualquer treta serve.
Mas ela estava tão orgulhosa da sua DSLR Cânon, sem pára-sol e com um estojo de oferta, que não tive coragem.

Limitei-me a concordar e a acrescentar que uns efeitos giros no photoshop ajudariam.

By me 

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