Admito-o!
Esta
é uma manhã que está fora daquela classificação “manhã bonita”.
Depois
de um sono seguido e tranquilo, acorda-se e olha-se para o relógio.
“Boa”,
pensa-se. “Dormi o suficiente e sem recurso ao despertador.”
E
vem-se à janela indagar pelo tempo.
Cinzento,
descolorido, quase sem vento e sem sons, com tudo húmido mas sem chuva, como se
todo o mundo estivesse ainda dormindo, apesar de o sol já ir alto acima das nuvens.
E
vem-nos à ideia aquela pergunta pertinente “Que faço eu fora da cama com um dia
assim? Estaria talvez melhor ainda sob as cobertas, que é dia de folga
aproveitando, a reduzidíssima importância do relógio.”
Mas
o aroma do café, já pronto, impede-me de tal desígnio.
E,
enquanto o seu calor me desce pelas entranhas, faço um registo rápido. Sem urgência
alguma, que sei que o que vejo se manterá por bastante tempo.
E
sabendo que, sejam quais forem as condições atmosféricas, a beleza de um dia
está na forma como o vemos e nunca no que vemos.
Por
saber disso e por uma questão de exercício e disciplina pessoal (difícil,
admitamos) faço questão que as primeiras linhas que escreva sejam isentas da
palavra “não”.
Porque,
caramba, a vida é o que dela faço, mesmo que aparente ser cinzenta.
By me
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