Fiz
esta fotografia há uns dias.
Nada
tem de especial, admita-se: nem a luz, nem a gestão de espaço – vulgo enquadramento
-, nem a pose, nem mesmo a perspectiva. Apenas que, estando em estado febril,
antecipando uma eventual gripe, não me apeteceu fazer melhor. Ou melhor, não me
apeteceu ter o trabalho de a fazer melhor.
Um
ou dois dias depois, e na falta de melhor inspiração, publiquei-a. Mais por
rotina ou vício que por a achar digna de figurar em qualquer catálogo de
imagens sofríveis.
De
entre os vários comentários que lhe foram feitos, quase todos simpáticos e
desejando-me “as melhoras”, evidenciou-se um, do seguinte teor:
“Para
quem não gosta de ser fotografado até que nem está mal.”
O
seu autor foi por mim confrontado, há tempos, pelo facto de estar a fazer (ou
em vias disso) fotografias da minha pessoa no meu local de trabalho. Não era eu
o assunto principal das imagens, bem pelo contrário, mas constaria nelas sem
margem para erro.
Disse-lhe
então o que pensava, ainda que moderado no tom e nos vocábulos. Não havia tempo
nem era o local nem o público para grandes explicações.
Agora
deixei-lhe uma resposta. Igualmente moderada no tom e nos vocábulos. Tão sintética
quanto o possível, que sabemos que quem lê na net raramente presta atenção a
mais de meia dúzia de linhas, se tanto.
“Entenda-se
que nada tenho contra o ser fotografado, excepto:
A)
Contra minha vontade e/ou conhecimento. Faz parte da minha praxis enquanto photógrapho,
com excepções muito bem definidas e balizadas, e se o pratico com os demais
exijo-o para comigo.
B)
No local de trabalho. As excepções ao longo de 35 anos foram menos de meia dúzia,
sempre muito bem justificadas por mim e por causas que entendi serem muito
superiores ao meu interesse privado ou modéstia.
Quanto
ao resto, um fotógrafo que não saiba o que é ser fotografado e/ou dirigido por
outro, dificilmente pode saber fotografar ou dirigir terceiros.”
A
próxima conversa sobre este tema que possa vir a ter com esta pessoa, que de
algum modo partilha espaços comigo, versará códigos de conduta, ética, lei
fundamental e lei avulsa.
É
que, e por muito que nos queiramos esquecer disso, a posse de uma câmara, mais
que nos dar direitos, impõe-nos deveres.
By me
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