É
um daqueles hábitos antigos que tenho: em vendo alguém com uma Pentax na mão,
peço-lhe para a fotografar.
A
razão é simples: já somos tão raros os que as usam que se justifica fazer o
registo do acontecimento.
Nem
sempre é fácil consegui-lo. Por vezes são turistas, com quem nem sempre é fácil
explicar os motivos, por vezes é gente desconfiada, que pensa logo o pior, por
vezes são tímidos… Mas em conseguindo chegar à fala, um pouco de bom humor, o
exibir a minha própria câmara e um sorriso acabam por ser suficientes.
Foi
o caso.
Encontrei-o
num lugar cosmopolita e popular da cidade. No meio daquela gente toda, o olhar
treinado não deixou escapar a marca na câmara e na correia e abordei-o.
Começou
por entender que queria uma foto dele e estava em vias de aceder quando lhe
expliquei que não, que era mesmo e só da câmara. E foi o início de uns bons quinze
minutos de conversa em torno da fotografia, das vantagens da marca, da sua
retro-compatibilidade…
E
foi aqui que a porca torceu o rabo!
Que
procurava ele uma objectiva antiga, de rosca, e cuja marca se me escapou. Dizia
ele, enquanto lhe indicava eu onde procurar por cá coisas dessas, que a óptica
tinha um belo “bouquet”, uma suavidade rara. Fiquei chateado!
Se
ele me tivesse argumentado com a luminosidade aceitava. Se me tivesse falado no
ângulo de visão e como se sentia confortável com ele, aplaudia. Se me tivesse
referido o gostar de trabalhar com objectivas antigas, em que o visor fica
escuro quando ajustamos o diafragma, também compreendia.
Agora
porque está na moda o “bouquet”, que nem ele bem sabe o que é (nem eu, já
agora)…
Recordo
os tempos em que o maior desejo de qualquer um com uma câmara era ter
objectivas nítidas, bem nítidas. O controlo dessa nitidez fazíamo-lo nós,
jogando com a profundidade de campo, com o bafejar a objectiva, com o recurso a
meias de senhora (técnica que lhe referi e que desconhecia)…
Para
já não falar naquele outro fotógrafo famoso, cujas imagens suaves se baseavam
na luz – e como ele bem trabalhava a luz – e no ser patrocinado por uma marca
de equipamento entretanto desaparecida, e que ele despolia suavemente o
elemento frontal das objectivas.
Lamento,
com muita tristeza, que a actual moda dita “artística” seja o procurar
equipamento e não o procurar o fazer de imagens.
By me
1 comentário:
Esta "invenção" fez-me lembras de algumas das tuas! http://www.pentaxforums.com/news/pentax-lens-turbo-for-sony-nex-cameras.html#more
Abraço
António Samagaio
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