A saudade é termo
português, diz-se. No resto do mundo fala-se em “sentir a falta de”.
Não sendo eu
melhor ou pior que ninguém, também tenho saudades ou sinto a falta de. Pessoas,
situações, locais, vivências. Umas batem mais forte, outras mais de levezinho,
de algumas nem me apercebo o quanto sinto falta, de outras é uma constante.
A última vez que
estive em Barcelona foi já há uns anos. Circunstâncias várias têm limitado a
possibilidade de lá ir denovo, com grande pena minha. E sinto falta disso.
Permanentemente.
Já não falo do
cosmopolitismo da cidade nem da forma de viver dos naturais. Seria difícil não
gostar disso. Tal como seria difícil não gostar do modo como quem lá vive
desfruta do espaço comum e o defende.
O que de Barcelona
sinto falta, permanentemente, é de alimentar a alma.
Das exposições,
muitas e variadas, de pintura, fotografia, desenho, vídeo, cinema… Dos diversos
estilos e abordagens que ali, em permanência e em rotatividade, existem para servirem
de alimento ao que faço. Os clássicos e os novos, com as suas experiências e
alternativas.
Para além do
natural deambular pela cidade, com a sua luz diferente, as suas perspectivas e
cores, a sua multiplicidade de gentes, origens e linguajares, o “meter o nariz”
nas galerias e espaços expositivos, há um espaço que não falho. Dê lá por onde
der!
A fundação Juan Miró.
Muito se falou,
por cá, nos seus quadros, se seriam ou não vendidos, a quem pertenceriam e se
seriam ou não património a preservar. E muitos peroraram sobre o tema sem nunca
terem tido a oportunidade de os verem. Ao vivo e a cores. Bem como as suas cerâmicas
e esculturas.
Passar meio dia a
ver tudo isso, bem como alguma exposição temporária que por lá esteja, é uma
das formas que tenho de alimentar a alma e, com isso, fazer diferente. E não
venham com histórias de que isso está tudo na net e tal, que basta fazer click
para beber do trabalho dos mestres…
Ver ali, em
tamanho natural, o que o autor fez nada tem a ver com o ver no brilho de um
ecrã. Nem o que vemos nem o que sentimos.
Esta imagem, que
vale coisa nenhuma, foi feita uns escassos minutos depois de uma dessas visitas
“alimentares”. Tal como outras que por aqui não estão.
Tenho saudades de
voltar a Barcelona e carregar baterias.
By me
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