sábado, 14 de março de 2015

Menos por menos





Ontem foi sexta-feira treze. A este dia é, geralmente, atribuída uma carga aziaga.
Com várias origens, desde o número de comensais na última ceia, ao nome da deusa nórdica expulsa pelo cristianismo, passando, como é recorrente hoje contar-se, à intriga urdida por Filipe IV de França, com o beneplácito do Papa Clemente V, sobre os Templários.
Seja qual for a origem, diz-se que é o dia do azar.
Acontece que não sou supersticioso. No entanto, convém não abusar do cepticismo e tratei de e precaver.
Como? Colocando-me sob uma escada.
Relembrando aquela velha mnemónica da escola “menos por menos dá mais”, decidi provocar algo que desse azar. Desta forma, provocado azar num dia de azar haveria de resultar em sorte.
Nem pouco mais ou menos, como o meu cepticismo previa: nem sorte nem azar. Possivelmente neutralizaram-se, resultando em zero.
Talvez porque ao bater da meia-noite, que todos sabem ser a hora de todos os males, eu estava de volta de fórmulas matemáticas, geometrias bi e tridimensionais, óptica pura e esquemas-bloco, tentando explicar a razão de ser dos números que conhecemos na escala de diafragmas e o motivo pelo qual um duplicador focal numa objectiva provoca a perda para um quarto de luz e não apenas para metade. Donde a necessidade de compensar com dois diafragmas e não apenas um.
Seja como for, ou por causa disso mesmo, o dia do azar com os seus bem definidos e finitos 86400 segundos – a unidade de tempo – terminou.
Mas foi seguida do aniversário de Albert Einstein. Hoje. Com o seu conceito de infinito.
Que, por mera casualidade da fortuna (ou não) coincide com a celebração do Dia Mundial do π (pi) que, juntamente com o ф (phi), são os dois números vitais em tanta coisa, fotografia incluída.
3,141592653… e 1,618033989…, dois infinitos que a cada passo se cruzam com a nossa efemeridade.

Apesar de haver dias disto e daquilo, das sortes e azares se combinarem ou não com os rigores de números, das ciências se baterem com as teologias, tenho para mim que nada disso quantifica, justifica, atenua ou potêncializa estados de alma ou criatividades.

 By me

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