Parece que deu
barraca o World Press Photo, este ano.
De acordo com o
que li, foi retirado o primeiro um prémio a um fotógrafo Italiano ao se
descobrir que todo o trabalho apresentado (várias fotografias) não eram “reportagem”
mas antes tinham sido encenadas. Algumas nem sequer eram do local identificado.
Não me espanta que
tenha acontecido!
Sabemos que a
imprensa está em declínio, enquanto meio de comunicação impresso em papel,
confrontada que está com a comunicação electrónica. E manter o nível apelativo
da imprensa não é fácil. Nem para quem dirige as publicações nem para quem
produz os conteúdos. Uma reportagem (escrita ou fotografada) ao pé da porta é
facilmente desmistificada. Mas se for lá longe, noutro país e em zonas que os
leitores não possam confirmar…
A ética, nos
tempos difíceis da imprensa, não é uma questão primordial! Ainda há alguns,
felizmente, que pautam a sua conduta por princípios éticos e respeitadores de códigos
deontológicos. Mas não são todos. Nem os que produzem conteúdos nem os que
controlam tiragens e vendas.
Mas também não me
espanta que o trabalho fotográfico tenha sido premiado.
Se, por um lado e
por aquilo que pude ver, até que estavam bem feitas as fotografias, o seu conteúdo
está plenamente de acordo com os critérios do certame: tragédia!
Quem olhar para as
fotografias premiadas ao longo dos anos no WPP constatará que a esmagadora
maioria, nas diversas categorias, envolve sentimentos ou atitudes negativas:
desastres, sobrevivências no limite, guerras, assassinatos, calamidades…
Não me recordo de
ter visto muitas (foram muito raras, na verdade) sobre amor, abnegação, mera
paisagem, objectos bonitos fabricados pelo ser humano…
Os critérios de
escolha do WPP seguem os critérios dos editores e directores da imprensa:
quanto mais sangue, mais drama, mais tragédia, melhor. Mais o público se sente
atraído e mais se vende. E o jornalismo, fotojornalismo incluído, é um negócio.
No entanto, e
olhando para as bancas dos jornais, vemos muitas publicações contendo
excelentes fotografias. Revistas especializadas, como viagens, arquitectura, automóveis,
cor-de-rosa… Existe todo um mundo de imprensa de qualidade usando reportagem
fotográfica de qualidade e que é liminarmente excluído dos prémios do WPP.
Lamentavelmente!
Assim, não me
espanta que o trabalho agora excluído fosse o que foi: o lado negro de uma região.
Por tudo isto sou
daqueles que recusa colaborar, com a sua presença, nas exposições do WPP. Não
alimento a estatística da fotografia negativa ou exclusiva da tragédia!
No dia em que este
certame decidir premiar também fotografias de reportagem positivas, em que também
se mostre o lado bom do mundo e em pé de igualdade com o lado mau, lá estarei
certamente. Deliciando-me com a qualidade das imagens que são apresentadas. E
aprendendo com elas.
Até esse dia,
ficarei à margem.
E desaconselho todos
aqueles que comigo querem aprender algo sobre imagem a lá irem. Em particular
os mais jovens.
Que é fácil
alimentar o sonho ou a fantasia de adolescentes em torno de reportagens fotográficas
deste calibre. E quanto melhor forem as reportagens mais entusiasmados eles
ficam em querer fazer equivalente. E moldam a sua opinião e vontade em torno
dos aspectos negativos da vida, como se fosse o assunto principal a retratar.
Não é!
E não será pela
minha mão que ficarão com essa ideia.
Quanto ao mais, tenho
o WPP ao mesmo nível que tenho os prémios Nobel da Paz, os Óscares ou o Festival
da Eurovisão:
Jogos de
interesse, materiais, filosóficos ou políticos, com massiva divulgação para
atingirem os seus objectivos.
Na imagem: uma das
fotografias, boa fotografia por sinal, a que foi retirada o prémio.
By me
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