Hoje é dia de
eclipse. Solar, entenda-se, e não lunar ou de algumas pessoas que bem gostaríamos
que se eclipsassem de vez.
Sabendo-o desde há
uns tempos, tenho vindo a tentar interessar alguns conhecidos sobre o fenómeno.
Quase inconsequente.
Mais ainda, tenho
vindo a explicar aos que têm filhos pequenos ou nem tanto o como fabricar um
filtro seguro, barato e fácil de fazer para poderem observar a natureza. Também
inconsequente.
Lamento que na
voracidade dos tempos que vivemos as coisas importantes do universo tenham tão
pouco importância.
O efémero – bolhas
de sabão, fogo de artifício, fenómenos astrais – são muito menos importantes que
os gadjets da moda, os jogos das consolas ou as séries em jeito de novela.
E menos importante
ainda por parte dos pais é darem oportunidade aos filhos de aprenderem fazendo,
testando, descobrindo. Suponho que entendem que a aprendizagem é algo reservado
à escola e que esse é um papel exclusivo dos professores.
Talvez por gostar
tanto de fotografia gosto do efémero. À escala humana ou à escala universal.
Aquela fracçãozinha de tempo que perpetua o que foi…
Não posso possuir
o fogo de artifício. Ou as bolhas de sabão. Ou os eclipses. Mas posso, com a
magia fotográfica, ficar com o seu registo, guardando para sempre o que muito
pouco dura.
Não guardo o fogo
de artifício. Gosto demasiado dele e de o ver para estar preocupado com magias.
As bolhas de sabão,
faço-as. E delicio-me com o gerir e dominar o tempo, o espaço e a luz, coisas
que não possuímos mas cuja prosápia humana acha que sim.
Já o eclipse,
esse, não o fotografarei. As condições atmosféricas não serão as melhores onde
me encontro para conseguir “aquela” fotografia. E um dos truques mais difíceis de
um fotógrafo é saber o que “não” fotografar. Mas espero, por entre as nuvens,
ver o dia virar crepúsculo e o seu oposto em pouco tempo.
Somos ciclos
breves, quase inúteis, quase fúteis. O truque, se existe, está em dominar o
quase.
By me
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