É um tema cada vez
mais recorrente entre os cidadãos: o recurso ao voto em branco ou abstenção aquando
de eleições.
As razões
invocadas por quem tal advoga são legítimas e entendem-se bem: uma forma de
protesto contra as instituições existentes e aqueles que as ocupam e gerem.
Para ser sincero,
só posso concordar com estes motivos de protesto.
No entanto…
No entanto o voto
em branco é uma armadilha escondida, é um tiro no pé, é um acto de autofagia!
O sistema de
Democracia em que vivemos define que do acto eleitoral assumirão os cargos
aqueles que obtiverem maior quantidade de votos. Quantidade absoluta ou pelo
método de Hondt. O que significa que serão considerados todos aqueles votos que
contiverem uma e uma só cruzinha. Todos os outros, brancos ou nulos serão
considerados para efeitos de estatística mas não para o apuramento dos eleitos.
Acontece assim que
os votos em branco, sendo um protesto válido e previsto na lei, em nada
influenciam o resultado eleitoral.
Acontece também
que nos actos eleitorais os próprios candidatos também votam, assim como as
suas famílias, amigos e aqueles que contam ganhar algo com a eleição deste ou
daquele.
Assim, mesmo que
num universo de 5 milhões de eleitores 4.999.500 votassem em branco, haveria
500 (candidatos e família) que fariam uma cruzinha válida. E esses 500 votos
seriam os que decidiriam o resultado da votação e respectivos eleitos.
O mesmo se aplica
à abstenção e aos votos nulos.
Esta situação, por
muito perversa que seja, é a realidade em que vivemos.
E, lamento muito,
mas não deixo que sejam outros a decidir pelo meu próprio destino.
Quer seja pelo
acto simples, cómodo e egoísta de apenas participar na vida e destinos do País
através do meu voto, quer seja através de intervenções directas junto dos meus
pares.
Dizer mal ou
manifestar desagrado é o que mais sabe fazer este povo: no trabalho, em torno
de umas imperiais ou nas redes sociais! Ou no voto.
Mas, sendo certo
que alguém tem que gerir o que é público (bem que gostaria que assim não fosse,
mas é irrealista na actualidade) ou bem que se faz uma escolha entre os
candidatos - se não o melhor, pelo menos o menos mau – ou se assume a
responsabilidade de ir até lá e fazer melhor que os que lá estão.
Que o voto em
branco e a abstenção, mais que um protesto, é um alijar de responsabilidades e
deixar aos outros o ónus das decisões.
Se você, que está
a ler isto, de facto não quer a governar este País os que lá estão ou têm
estado, chegue-se à frente e faça melhor! Ou escolha algum dos que lá não têm
estado! Pelas regras vigentes ou revolucionando tudo!
Mas não se esconda
atrás de um protesto inconsequente!
By me
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