segunda-feira, 2 de março de 2015

Você que se esconde







É um tema cada vez mais recorrente entre os cidadãos: o recurso ao voto em branco ou abstenção aquando de eleições.

As razões invocadas por quem tal advoga são legítimas e entendem-se bem: uma forma de protesto contra as instituições existentes e aqueles que as ocupam e gerem.

Para ser sincero, só posso concordar com estes motivos de protesto.

No entanto…



No entanto o voto em branco é uma armadilha escondida, é um tiro no pé, é um acto de autofagia!

O sistema de Democracia em que vivemos define que do acto eleitoral assumirão os cargos aqueles que obtiverem maior quantidade de votos. Quantidade absoluta ou pelo método de Hondt. O que significa que serão considerados todos aqueles votos que contiverem uma e uma só cruzinha. Todos os outros, brancos ou nulos serão considerados para efeitos de estatística mas não para o apuramento dos eleitos.

Acontece assim que os votos em branco, sendo um protesto válido e previsto na lei, em nada influenciam o resultado eleitoral.

Acontece também que nos actos eleitorais os próprios candidatos também votam, assim como as suas famílias, amigos e aqueles que contam ganhar algo com a eleição deste ou daquele.

Assim, mesmo que num universo de 5 milhões de eleitores 4.999.500 votassem em branco, haveria 500 (candidatos e família) que fariam uma cruzinha válida. E esses 500 votos seriam os que decidiriam o resultado da votação e respectivos eleitos.

O mesmo se aplica à abstenção e aos votos nulos.

Esta situação, por muito perversa que seja, é a realidade em que vivemos.

E, lamento muito, mas não deixo que sejam outros a decidir pelo meu próprio destino.

Quer seja pelo acto simples, cómodo e egoísta de apenas participar na vida e destinos do País através do meu voto, quer seja através de intervenções directas junto dos meus pares.

Dizer mal ou manifestar desagrado é o que mais sabe fazer este povo: no trabalho, em torno de umas imperiais ou nas redes sociais! Ou no voto.

Mas, sendo certo que alguém tem que gerir o que é público (bem que gostaria que assim não fosse, mas é irrealista na actualidade) ou bem que se faz uma escolha entre os candidatos - se não o melhor, pelo menos o menos mau – ou se assume a responsabilidade de ir até lá e fazer melhor que os que lá estão.

Que o voto em branco e a abstenção, mais que um protesto, é um alijar de responsabilidades e deixar aos outros o ónus das decisões.



Se você, que está a ler isto, de facto não quer a governar este País os que lá estão ou têm estado, chegue-se à frente e faça melhor! Ou escolha algum dos que lá não têm estado! Pelas regras vigentes ou revolucionando tudo!

Mas não se esconda atrás de um protesto inconsequente!

By me

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