sábado, 21 de fevereiro de 2015

Um olhar - Rainha de Inglaterra





Foi este o nome que me deu quando lho perguntei, depois de ter feito a fotografia.
O meu pedido não surgiu do nada. Antes disso tinha-a ajudado, bem como a um rapaz, a erguer e fixar uma estrutura de canas. Os seus métodos não apenas não estavam a resultar como, mesmo que resultassem, acabaria tudo no chão muito em breve.
Acerquei-me, dei-lhes uma ou duas dicas, segurei enquanto tentavam dar os nós, acabei por ser eu mesmo a fazê-los e, no fim, expliquei-lhes o porquê deste sistema de fixação resultar e não o deles: Porque os triângulos não se desmontam a menos que quebremos as suas arestas, ao contrário dos restantes polígonos
Ficou ela a olhar para mim, com cara de caso, e fez-me uma pergunta que me desconcertou: “Que faz você na vida?”
“Videógrafo e, nas horas vagas, umas fotografias”, disse mostrando-lhe as câmaras que trazia penduradas.
“Ah! Então e como sabe isso dos triângulos, de geometria e dos nós?”
Foi a minha vez de a deixar a olhar para mim, desconcertada: “Cultura geral, aquela coisa que sabemos depois de esquecermos o que aprendemos na escola.”

Acho que foi por vingança que me deu o nome de “Rainha de Inglaterra” quando lho perguntei. Solenemente tirei o meu bloco de apontamentos e escrevi-o. E mesmo que, depois disso, me tivesse dado o nome de baptismo, seria sempre este que usaria eu aqui.

Nota adicional: isto dos triângulos também se aplica a fotografia.

By me

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