Enquanto esperávamos
pelo comboio, do cais oposto chegou-nos um som invulgar. Canto, acompanhado de
palmas.
Muito
naturalmente, quase todos nós olhámos, tentando perceber quem e porquê assim
celebrava.
Sentado num banco,
lá na ponta do cais, uma figura típica da zona cantava, alto, batia palmas e
abanava o corpo em concordância.
Na maioria dos
presentes surgiu um sorriso, alguns mesmo riso, acompanhados de comentários.
Com conhecidos ou desconhecidos.
Eram todos
jocosos, depreciando aquele que, assim solitário, cantava e demonstrava a sua
satisfação, sem motivo aparente.
A uma ouvi “Coitado.
É maluquinho…”
Malucos somos nós!
Com os nossos tabus,
regras e imposições, somos incapazes de manifestar os nossos sentimentos senão
nos locais e horas apropriadas. Regrados, balizados, fiscalizados,
normalizados.
Felizes aqueles
que, para além de regras e convenções, celebram a sua alegria. Como e onde a
sentem.
By me
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