Esta fotografia
aparece a acompanhar um artigo de um jornal on-line de hoje.
O título do artigo
é “PSD. O partido do português comum que quer autoridade e sossego”. Está o
artigo assinado por Ana Sá Lopes e não é referida a autoria da fotografia.
Não pude deixar de
ficar com os olhos grudados na fotografia, nos diversos níveis de interesse que
me provocaram: tanto de conteúdo como de forma.
Desde logo, e como
não poderia deixar de ser, a relação do título com a pose do protagonista. Não terá
sido coincidência, certamente.
Depois porque o
texto da notícia disponível na net referencia a data de 1995. E não me senti confortável
com isso. Não apenas a juventude do aparente centro de interesse da imagem,
Cavaco Silva, como reconheço uma figura que está em segundo plano e que tenho
por bem mais velho que a relação possível da imagem com a data.
Segue-se-lhe o ver
aqui um repórter de imagem vídeo (que não reconheço, apesar de tudo) que veste
fato e gravata em completa oposição a quase todos os fotógrafos presentes.
Naturalmente que a
perspectiva é bem mais que interessante: não apenas está de frente para o
protagonista como está de frente para todas as objectivas, numa posição privilegiada
não apenas fotográfica como na acção. Quase que invisível o fotógrafo, ninguém
lhe presta atenção pese embora aparentar estar num local que atrapalharia o
trajecto do protagonista.
A isto
acrescente-se que, à época, não havia ecrãs rotativos: o enquadramento fazia-se
com o olho no visor e pronto. Ou, como parece ser este o caso, com a câmara
subida e apontando “à zona”, provavelmente com motor para poder fazer várias de
seguida. Em película, entenda-se, com tudo aquilo que significa o fotografar em
sequência apenas com 36 fotografias possíveis antes de ter que mudar o rolo.
Claro que o
enquadramento é brilhante: as posições de rosto e mão, num destaque perfeito contra
o fundo, o posicionamento da linha de objectivas atestadas sobre o protagonista,
reforçando a sua importância, até mesmo a figura dissonante em relação ao
acontecimento, o agente da PSP, o único parado e de costas, mas fazendo o seu
papel, cujo olhar, conjugado com o do protagonista, nos conta sobre a multidão
que não está visível…
Indo mais longe
ainda, e sendo certo que o Jornal I foi fundado em 2009, esta imagem foi
repescada de um qualquer outro arquivo: comercial, do fotógrafo ou da própria
autora do artigo.
Um aplauso ao
autor da fotografia, lamentavelmente aqui anónimo.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário