Acredito que para
a maioria de quem isto vir ou leia, a imagem nada diga.
No vosso lugar,
também nada me diria, por si só.
Mas saiba-se que
tenho uma especial predilecção por esta parede.
Não por ser parede.
Todas as casas têm, pelo menos, quatro paredes, o que significa que o que não
falta são paredes eventualmente fotografáveis.
O que me atrai
nesta em particular é que, ao fim do dia, esta parede vazia funciona como tela,
onde o sol projecta a sua luz e o prédio ao lado se lhe opõe, formando aquilo a
que costumamos chamar de sombras.
E, nesta parede, a
cada dia que passa, a cada estação do ano, as sombras são diferentes, com
contrastes e posicionamentos diferentes.
Quando aqui passo,
e são horas deste espectáculo, não resisto e fotografo.
Hoje as coisas
foram um nico diferentes: em aqui chegando, as sombras lá no topo do prédio
estavam a desaparecer. Mas as de baixo – estas – estavam para surgir. E quedei-me
à espera, encostado a uma árvore.
Devagarinho, vi a
luz entrar na empena, ténue que as nuvens baixas não permitiam grandes
contrastes, vi o aparecer da sombra e… isto foi o que mais se viu, que logo de
seguida começaram a diminuir até desaparecerem.
Foram uns minutos –
poucos, quatro ou cinco – em que vi o tempo passar ou, em alternativa, senti a
terra a rodar. Senti mesmo.
Sei que nem esta
fotografia nem este texto fazem jus a esses minutos. Mas é o melhor que
consigo.
By me
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