Esta
é uma fotografia feita ontem para acompanhar um texto igualmente feito ontem.
O
texto surgiu de um outro lido na net, em que se falava de troféus pessoais e
recordações da actividade profissional. No meu caso, seria o objecto que seguro
na mão.
A
questão levantava, logo à partida, uma dificuldade. Ou o que para mim é uma
dificuldade. O objecto em causa é particularmente longo e deve ser visto na
vertical. O que poderia resultar numa fotografia vertical, coisa que evito
sempre que posso, tentando encontrar soluções viáveis para a horizontalidade.
O
local onde está pendurado este objecto em minha casa pouco apelativo é e, fazer
uma horizontal, iria incluir demasiada parede e outros objectos que em nada
correspondem ao assunto tratado.
A
opção foi encontrar elementos acessórios que ajudassem a compor todo o “vazio”
em torno do assunto principal e que, de algum modo, com ele se relacionassem. E
sem lhe retirar a importância que tem.
Não
querendo fazer demasiada “bagunça” em casa, e olhando em redor, o meu olhar
caiu sobre este cartaz, que me acompanha desde os anos 70. O facto de serem
jovens poderia ser útil e aproveitei a deixa.
Mas
o estar junto a uma esquina, de um lado, e junto a uma porta, do outro, dava-me
pouco espaço de manobra para junto a ele colocar o objecto. Com o acréscimo da
diferença de dimensões, que iria retirar força exactamente onde eu a queria
colocar.
O
jogar com a perspectiva foi a alternativa.
Surgia
então uma segunda questão: como o colocar no ar. O eu segurá-lo pareceu-me bem,
até porque eu era interveniente na história contada. E a minha presença
ajudaria a compor o espaço na horizontal, tal como eu queria.
Veio
então outra dificuldade: como dar força a um objecto que, não sendo
particularmente grande, estaria em “luta” pelo protagonismo na imagem com um
cartaz contendo letras e duas figuras humanas de um lado e uma figura humana do
outro?
A
luz foi a solução.
Dois
flashs portáteis, em frente um do outro e muito palados, de modo a que a luz
produzida incidisse apenas onde eu queria: um de frente e apenas no objecto,
outro atrás, fazendo o recorte dele e de mim contra o fundo que queria bem mais
escuro. A própria reflexão nas paredes circundantes faria a penumbra suficiente
para que a minha figura e o cartaz tivessem leitura mas pouca.
Tomada
a decisão, foi questão de a executar. Tentativa e erro, que fazê-lo sozinho não
é coisa fácil estando eu na imagem. Posicionamentos relativos, ajuste de
intensidades e orientações, verificar cada disparo e regressar à pose,
corrigindo o errado… foram 17 os disparos até ao resultado final.
Para
os que acham que fotografar é apontar a câmara e carregar no botão, saiba-se
que demorei uma hora e vinte, desde que peguei no objecto até que regressei ao
computador sabendo-a feita. Mais uns dez minutos a arrumar a tralha: tripés,
luzes, cabos, cadeiras…
Se
ficou como eu a queria? É sempre um processo de construção, entre o que
imaginámos e o que obtemos, acrescentando uma pitada aqui, outra ali,
solucionando esta ou aquela dificuldade. Quando a dei por finda, ou por
satisfação ou por saturação de andar às voltas com ela, estava aceitável.
Se
hoje encontraria outra solução não sei.
By me
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