Ter
um conjunto de boas fotografias não é o mesmo que ter um bom conjunto de
fotografias.
Enquanto
que no primeiro caso cada imagem vale por si mesma, no segundo é tão importante
a coesão ou o fio condutor entre as imagens quanto a qualidade de cada uma. Eu
iria ainda mais longe dizendo que se o conjunto for muito bom, a qualidade
individual de cada fotografia perde um pouco a importância.
Mas
o contrário não é verdade! Se entre o olhar para uma imagem exposta e para a
seguinte o espectador tiver que se re-referenciar, tiver que se encontrar e
encontrar uma nova ponte entre si mesmo e o que lhe é apresentado diferente da
anterior, o conjunto perde força, importância, valor. Redunda numa confusão
para quem vê a sucessão de imagens. É um mau conjunto!
Se
se tratar de uma exposição é um pouco pior. Quem lá vai, de propósito ou por
acaso, espera ser levado numa viagem, conduzido pelas imagens e pelo ponto de
vista do fotógrafo. Não havendo coesão, fio condutor, um rumo definido, uma
perspectiva comum à maioria das fotografias exibidas, a sensação que se tem,
aquando da saída, é a de alivio, como quem sai de um labirinto nebuloso.
E
se a exposição for de fotojornalismo, bem, aí a coisa é francamente má! Porque
um fotojornalista que não tenha uma visão pessoal do mundo, que não tenha uma
abordagem coesa do que vê e exprime no seu trabalho, por muito boas que possam
ser as suas fotografias apresenta sempre um péssimo conjunto de fotografias. É
uma má exposição fotográfica!
Foi
o que encontrei há uns tempos. Entre o ir ver a exposição de pintura e um
encontro de fim de tarde na cidade, dei comigo com tempo suficiente para
deambular e olhar com a câmara. E, quando dou por mim, estou à porta de uma
galeria de arte onde acontecia uma exposição fotográfica.
Já
tinha tido conhecimento da sua existência mas, por qualquer motivo oriundo do
meu sexto sentido, sempre tinha recusado ir ver. Sem nenhum motivo aparente,
até porque o que conheço do autor é superficial e apenas da web. Mas, já que
ali estava, e porque não?
Das
fotografias que vi, recordo algumas. Pela composição, pelo instante, pela luz,
pela mensagem que senti nelas. Mas do conjunto o que recordo é péssimo porque
errático, porque sem fio condutor de mensagem ou de estética que eu
identificasse, sem que eu percebesse qual a perspectiva que o autor tem sobre o
mundo que fotografou. Não perdi o meu tempo, que serviu para confirmar o que
suspeitava. Mas o que senti à saída foi alívio!
Esta
é uma das situações que pode acontecer quando se visita exposições
fotográficas. Felizmente não é tão comum assim, que tanto o galerista quanto o
autor têm habitualmente o cuidado de, por entre os trabalhos deste, escolher um
conjunto que faça sentido e que impeça a frustração do visitante.
De
quem era a exposição?
Não
o direi aqui! Não conheço o fotógrafo pessoalmente para daqui lhe atirar
pedras. Não quero, apenas com a minha opinião, influenciar outros que queiram
vero seu trabalho.
Até
porque, e como diz um compincha, é a minha opinião e vale o que vale: vale UM
apenas.
By me
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