Sou
fumador, com tudo o que isso implica!
Assim,
seria mentiroso se afirmasse que as leis sobre a restrição de fumo nos locais
públicos e de trabalho não me afectam. Claro que afectam e vejo-me obrigado a
fazer como os restantes irmãos de vício a vir para a rua dar as minhas fumaças
ou a deixar a ponta do cigarro à porta em entrando num estabelecimento
comercial, de restauração ou outros.
Em
alguns, por uma questão de simpatia, de higiene ou apenas para relembrar os
clientes da interdição do uso de tabaco, encontram-se no exterior cinzeiros como
este ou equivalente. São úteis. Mas incompletos! Tão incompletos quanto as leis
ou regras de boa convivência existentes!
É
que se algo que me faz sentir incomodado, que me faz sair do sério, que me faz
mesmo tocar as raias da agressividade verbal, é o uso indiscriminado e abusivo
dos telemóveis ou “smartphones”.
Onde
quer que se esteja, seja em que tarefa for e na presença de quem quer que seja,
o toque de um desses aparelhos é motivo para tudo interromper para ouvir e
emitir umas palavrinhas no aparelho. Não importa a urgência ou importância da
mensagem ou o que ela vem interromper. Se o telefone toca, há que atender!
Acontece
que é frequente, demasiado frequente, quem está a trabalhar numa loja,
atendendo o público, receber chamadas e, no momento, menosprezar o cliente e
dar toda a atenção a quem quer que esteja do outro lado da rede. E o cliente ou
utente ali fica, especado, na secreta esperança de o telefonema ser breve e que
não o demore em demasia. Prolongando inutilmente a sua estada desse lado do balcão.
A
sensação que tenho, nesses momentos, é que por qualquer motivo desconhecido, de
ordem cósmica, divina ou filosófica, me eclipsei, deixando de estar ali,
visível e material, para passar para um qualquer limbo insignificante onde
ficam os que são preteridos por um telemóvel. Provavelmente o mesmo limbo onde
são colocados os que, ao aceder telefonicamente a um serviço público, ouvem do
outro lado a voz simpática dizer-lhe: “só um momento”. E ficar-se a saber que,
para aquele serviço, o conceito de “um momento” tem infindáveis minutos.
A
mesma lei que restringiu o uso de tabaco em lugares frequentados pelo público
deveria, em minha opinião, restringir igualmente o uso de telemóveis.
E
veríamos à entrada de estabelecimentos comerciais, educacionais, hoteleiros,
hospitalares ou desportivos, cinzeiros e telemoveiros. Para tranquilidade de
todos os utentes e um bom relacionamento social.
By me
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