Tenho argumentado,
e acredito no que afirmo, que das efemérides que celebramos, poucas são
realmente importantes.
E considero como
realmente relevantes os equinócios e solstícios, por serem dias que ultrapassam,
em tudo, aquilo que o Homem faz, fez ou fará.
Tenho, no entanto,
duas ou três datas de feitos humanos que referencio e nas quais me sinto
pessoalmente envolvido.
Uma delas é o dia
11 de Fevereiro de 1990. Muitos não saberão o que aconteceu, mas foi o dia em
Nelson Mandela foi libertado. E, simbolicamente, foi o dia em que terminou o último
regime em que a segregação pela cor da pele fazia parte da lei. Diria eu que foi
o evento mais importante do séc. XX, já que foi o fim, em todo o globo, de uma
prática ancestral horrenda. Um significativo salto na humanidade.
E eu assisti a
isso, em directo pela televisão, emocionado quase para além dos limites.
Outra data
importante de feitos humanos, recente, aconteceu um pouco antes: 25 de Abril de
’74. Creio que todos entendemos a importância do acontecimento e de que forma,
ainda hoje, nos marca e rege a vida. E saiba-se (um pouco de orgulho não fica
mal de todo) que foi esta revolução que esteve, de algum modo, na origem de
outras. Se não revoluções, pelo menos mudanças profundas, em alguns países.
Outra é um
pouquinho mais antiga. 7 de Março de 1957. A esmagadora maioria não lhe atribui
significado, mas eu esclareço: o início das emissões regulares de televisão em
Portugal pela RTP. Faz parte da vida de todos os cidadãos nacionais, com mais
ou menos importância. E, nos tempos que correm, por todo o planeta. Tal como
faz parte da minha própria vida, não apenas profissionalmente mas porque foi
por causa disso que eu mesmo existo.
As datas dos
feitos humanos têm pouca importância. Daqui por cem anos nenhuma das que referi
será lembrada. Outras se sobreporão, com outras relevâncias e valores.
Sobrarão, como
desde a existência da Humanidade, os solstícios e os equinócios, comuns a todas
as épocas e culturas. Que Terra continuará a girar em torno do Sol, façamos o
que fizermos.
Mas, enquanto eu
por cá andar, estas terão um cantinho especial no meu calendário.
By me
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