Seja
qual forma como tentemos abordar o tema, a verdade é que estamos sempre e
eternamente presos.
Confinados
a uma cela ou na superfície do planeta, com horários, cartões identificativos e
códigos de conduta.
A
qualidade da prisão é que varia. Alguns vêem no abrir da fechadura a sua
liberdade, outros no vencer a atracção terrestre. Uma chave uns, asas outros.
Há quem vá mais longe e não possua relógio ou recuse o bilhete de identidade.
Mas
depois de cada fronteira, depois de cada quebrar de grilhetas, apenas
constatamos que continuamos presos. Por outras grades, por outros conceitos,
por outras obrigações.
Quando,
há uns anos largos, conversava com um Argentino, logo a seguir à guerra das
Malvinas ou Faulkland, dizia-me ele: “Nós? Somos livres! Podemos sair à noite e
tudo!”
Ou
ainda aquele outro jovem que dizia: “Esta semana estou livre. Os meus pais vão
de férias para fora.”
Mas
a liberdade não é um estado legal ou material. É um estado de espírito!
O
exercício da liberdade começa, antes de mais, dentro de nós. Por aceitarmos ou
não por limite o que nos impõem. O deixarmos ou não a nossa mente vogar e
decidir o que fazemos. O termos ou não uma verdadeira consciência de nós mesmos
e do que nos cerca.
A
nossa verdadeira prisão somos nós próprios, na nossa condição de seres humanos
de carne, osso e sangue. Pensantes e conscientes.
Quando
formos capazes de saber e não apenas dizer, “eu posso”, com toda a plenitude do
que isso significa, então seremos realmente livres.
Até
lá, enquanto nos sentimos limitados por um planeta, regulamentos ou grades,
mais não seremos que sempre prisioneiros daquilo que os nossos sentidos nos
transmitem.
E
tanto assim é que somos obrigados a comunicar codificando e descodificando
estas letras e imagens, presos que estamos a estas convenções.
E
enquanto você o faz, vou ali dar corda ao relógio e trancar a porta.
By me
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