segunda-feira, 10 de março de 2014

Trocos



Amanhã é onze de Março.
Para a grande maioria dos cidadãos portugueses, esta data pouco diz de especial. Para alguns, no entanto, contará algo sobre um passado distante tanto quanto algumas dezenas de anos.
As efemérides diluem-se no tempo, perdendo importância em favor de outras mais recentes. A menos que alguma instituição não as deixe esquecer, como a igreja, por exemplo.
Mas o dia de hoje tornou-se único pela sua originalidade. Pelo menos para mim.
Na estação de caminho-de-ferro do meu bairro, fui matando tempo até chegar a minha composição. O normal. Tal como para alguns outros nas mesmas circunstâncias.
Sentados num murete, um casal de Romenos. Pelo menos pareciam sê-lo. E entretinham-se a contar algumas moedas, pouco mais que parcos trocos. Normal também, considerando a forma como ganham dinheiro. E pouco.
O que já nada de teve de normal foi ver mais três pessoas, isoladas, no mesmo entretém: a contar trocos. Solitárias, quase que escondendo o que faziam, contando poucas moedas na mão.
E nenhum dele tinha aspecto de andar a pedir pelas ruas ou a vender pensos rápidos, calendários ou “Borda d’água”.
Fala-se de crise, troika e eventuais saídas limpas, se bem que quase ninguém saiba ao certo o que significa.
Agora ver gente na rua a contar uns poucos trocos…
Creio que todos sabem bem o seu significado!



By me

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