sábado, 25 de maio de 2013

Vícios




Se bem que as redes sociais não sejam o lugar indicado a confissões de ordem privada, vou contar aqui um dos meus prazeres ou vícios privados e diários.
A par com fotografia, tenho que, pelo menos uma vez por dia, fazer alguém sorrir. De preferência, alguém desconhecido ou, no mínimo, alguém com quem não tenha grande intimidade.
Admito que este vício diário me é de tal modo importante que, em o não conseguindo, o dia acaba-me mal, sendo-me difícil conciliar com o sono.
Vai daí, e com medo que não suceda, trato de satisfazer este prazer privado na primeira oportunidade.
Claro que, com a idade e a experiência, acaba por não ser muito difícil, ainda que eu procure encontrar soluções ou métodos que sejam diferentes.
Um deles é fácil, barato e de resultados quase que garantidos.
Em entrando num qualquer local onde eu seja atendido, o normal é darem-me a saudação, num tom de quem me pergunta o que quero. Por exemplo “bom dia!”
A resposta já a tenho engatilhada: “Obrigado O mesmo para si!” OU, mais elaborado de dizer “Que os deuses lhe dêem o dobro do que me deseja!”
Isto dito com um sorriso que tento que nada tenha de irónico, sarcástico ou malicioso. Um sorriso, apenas.
A primeira reacção é, também ela, padronizada: surpresa e suspensão do que se estava a fazer ou dizer. E o olhar a tentar descortinar se estarei a gozar, a insultar ou nem uma coisa nem outra.
Mantenho o sorriso, faço um compasso de espera de uns três ou quatro segundos, e continuo, desta feita dizendo o que quero dali: um café, tabaco, jornal, seja o que for.
Ainda antes de pagar, ou mesmo de receber o que peço, tenho o meu troco: um sorriso. Que quebrou, p’la certa, a rotina de quem está atrás de um balcão, atendendo quem quer que ali apareça.
Saio do estabelecimento com o que comprei (ou fiz ou pedi) e com a satisfação do dever cumprido: se consegui fazer alguém sorrir, o dia não me pode correr muito mal.
Garantido!

By me

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