quinta-feira, 23 de maio de 2013

Códigos




Os códigos de conduta estão cheios de proibições e obrigações.
Não matarás, obrigatório circular pela direita, não cuspir para o chão, declarar rendimentos… Obrigações e proibições.
Entenda-se que estes códigos são, muitos deles, ancestrais e que se enquadram como civis ou religiosos. Alguns padecem das duas circunstâncias.
No entanto, nenhum desses códigos refere condutas de referência, boas práticas ou comportamentos recomendáveis. Apenas proibições e obrigações.
Também tenho os meus próprios códigos.
Não baseados em leis ou mandamentos, não sujeitos a coimas ou penas de prisão, são os meus e é por eles que me rejo. No quotidiano.
Este é um deles:
Em caminhando por um passeio, na berma de uma rua, e em caminhando em sentido oposto alguém, assumo o desviar-me para a berma ou para o interior dependendo das circunstâncias. A predominante é se caminho no mesmo sentido dos automóveis ou em sentido oposto.
No primeiro caso, assumo o lado mais afastado da faixa de rodagem, no segundo o mais próximo. Porquê? Fácil!
Caminhar na berma da rua implica mais riscos no confronto com os carros, pelo que estar de frente para eles é mais seguro para ambos. Estar de costas é um risco acrescido e desnecessário.
A excepção que faço depende de quem caminha na minha direcção. Se se tratar de gente mais frágil (crianças p’lo seu pé ou em carrinhos, gente com limitações de locomoção ou cegos), garantido que o meu lugar é na berma, deixando a zona mais segura para eles.
De igual modo, em querendo atravessar uma rua, numa passadeira sem semáforos e em vindo apenas um ou dois carros por perto, recuo e dou-lhes a passagem, frequentemente com um  gesto explícito dessa cedência. É, as mais das vezes, mais fácil ou menos prejudicial, o eu esperar dois ou cinco segundos para que eles passem que eu usar do meu direito legal de prioridade na passadeira e obrigá-los a parar e retomar a marcha.
São códigos de conduta, ou cumprimento de uma ética de cidadania, que não estão escritos em parte alguma, criados e cumpridos por mim. E que não faço questão que os demais os sigam. A cada um a sua “moral” e o relativizar das importâncias dos umbigos é problema e ponderação de cada individuo.
O mais que faço, como agora, é relatar como eu mesmo me comporto. E, se por mero acaso, houver quem desse lado concorde e dele quiser fazer exemplo, considero que ganhei o dia.
Não por ter sido imitado. Isso é o que de pior se pode fazer. Antes porque sobre o assunto se pensou e tomou uma decisão. Que isso de cumprirmos obrigações e proibições é demonstração irrefutável do carneirismo em que vivemos, em que é mais fácil sermos dirigidos que pensarmos.

By me

Sem comentários: