Os códigos de
conduta estão cheios de proibições e obrigações.
Não matarás,
obrigatório circular pela direita, não cuspir para o chão, declarar
rendimentos… Obrigações e proibições.
Entenda-se que
estes códigos são, muitos deles, ancestrais e que se enquadram como civis ou
religiosos. Alguns padecem das duas circunstâncias.
No entanto, nenhum
desses códigos refere condutas de referência, boas práticas ou comportamentos
recomendáveis. Apenas proibições e obrigações.
Também tenho os
meus próprios códigos.
Não baseados em
leis ou mandamentos, não sujeitos a coimas ou penas de prisão, são os meus e é
por eles que me rejo. No quotidiano.
Este é um deles:
Em caminhando por
um passeio, na berma de uma rua, e em caminhando em sentido oposto alguém,
assumo o desviar-me para a berma ou para o interior dependendo das
circunstâncias. A predominante é se caminho no mesmo sentido dos automóveis ou
em sentido oposto.
No primeiro caso,
assumo o lado mais afastado da faixa de rodagem, no segundo o mais próximo.
Porquê? Fácil!
Caminhar na berma
da rua implica mais riscos no confronto com os carros, pelo que estar de frente
para eles é mais seguro para ambos. Estar de costas é um risco acrescido e
desnecessário.
A excepção que
faço depende de quem caminha na minha direcção. Se se tratar de gente mais
frágil (crianças p’lo seu pé ou em carrinhos, gente com limitações de locomoção
ou cegos), garantido que o meu lugar é na berma, deixando a zona mais segura
para eles.
De igual modo, em
querendo atravessar uma rua, numa passadeira sem semáforos e em vindo apenas um
ou dois carros por perto, recuo e dou-lhes a passagem, frequentemente com
um gesto explícito dessa cedência. É, as
mais das vezes, mais fácil ou menos prejudicial, o eu esperar dois ou cinco
segundos para que eles passem que eu usar do meu direito legal de prioridade na
passadeira e obrigá-los a parar e retomar a marcha.
São códigos de
conduta, ou cumprimento de uma ética de cidadania, que não estão escritos em
parte alguma, criados e cumpridos por mim. E que não faço questão que os demais
os sigam. A cada um a sua “moral” e o relativizar das importâncias dos umbigos
é problema e ponderação de cada individuo.
O mais que faço,
como agora, é relatar como eu mesmo me comporto. E, se por mero acaso, houver
quem desse lado concorde e dele quiser fazer exemplo, considero que ganhei o
dia.
Não por ter sido
imitado. Isso é o que de pior se pode fazer. Antes porque sobre o assunto se
pensou e tomou uma decisão. Que isso de cumprirmos obrigações e proibições é
demonstração irrefutável do carneirismo em que vivemos, em que é mais fácil
sermos dirigidos que pensarmos.
By me
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