quinta-feira, 16 de maio de 2013

Polémicas




Parece que a questão do World Press Photo ficou resolvida.
Afinal, a tal fotografia vencedora não é resultante de uma fotomontagem, tendo sido objecto apenas dos naturais ajustes de pós-produção que qualquer imagem sofre.
Faça-se justiça e pergunte-se de onde veio tal suspeita. Talvez que de um preterido no concurso ou de um invejoso.
Ficou esta questão resolvida!
O que não ficou resolvido, de forma alguma, são as objecções que coloco ao evento em si, incluindo a selecção de fotografias expostas.
E entenda-se, antes de se ir mais longe, que não ponho em causa, de forma alguma, a qualidade do que nos é mostrado. São fotografias muito boas, que honram todos os que as fizeram.
No entanto…
No entanto a grande maioria das imagens que nos são mostradas pertencem a uma só categoria, se bem que nos seja dito o contrário. São fotografias de tragédias, desastres, sofrimento, catástrofes (naturais ou não). E mesmo quando a natureza é o tema, é o acto de comer ou ser comido, de matar ou ser morto que nos é mostrado.
Não se aplica esta “regra” à totalidade das imagens escolhidas, mas diria eu que a 90%, pelo menos.
E, caso tenham dúvidas sobre esta afirmação, consulte-se o site da organização e vejam-se as fotografias que, ao longo dos anos, foram galardoadas com o primeiro prémio. Como esta, icónica, e sobre a qual raramente se conta a totalidade da história que lhe está associada. Que uma imagem vale mais que mil palavras, mas nem sempre serão verdadeiras.
Pergunto eu, e face à selecção feita, se o mundo da fotografia, mesmo que a de imprensa, se resume a este tipo de imagens. Não, respondo eu!
Para além das que são publicadas na imprensa generalista, há todo um mundo de outros trabalhos fotográficos, mesmo que de reportagem, de muito mais que elevada qualidade, que nunca aqui são mostrados. A moda, a decoração, o jet set, o desporto, para referir apenas alguns, são heroicamente esquecidos neste evento.
Fica, então, o porquê disto. Fácil, penso eu!
São estas imagens, as escolhidas, que fazem capa dos jornais, que são objecto de escolha por parte dos directores ou editores fotográficos, que sendo escolhidas irão ou foram alimentar a sede de sangue de um público que usa a imprensa e as catástrofes como sublimação dos seus próprios problemas. E sendo que a imprensa é um negócio cujo objectivo é vender…
Enquanto o World Press Photo escolher apenas este tipo de fotografias, deixando de parte todas as outras, igualmente boas, que são publicadas em jornais e revistas, não contará com a minha presença. E desaconselharei que as exposições sejam vistas a todos aqueles para quem a minha opinião possa contar, um nico que seja.
Que a Photographia também é o registo do que de mal acontece p’lo mundo fora. Mas não apenas isso!

By me

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