É
em olhando para este e outros anúncios p’la cidade que me sinto com a idade que
tenho, felizmente.
Recordo
desta placa e loja quando, em muito petiz, ter subido ao seu primeiro andar em
busca não sei de quê no mesmo dia em que fui, p’la segunda vez, a uma sala de
cinema: o extinto e agora travestido cinema Condes, duas ruas acima, onde se
exibia “Asterix o gaulês”.
E
recordo o meu olhar, abaixo da beira do balcão de madeira e com cheiros
estranhos, percorrer aquelas prateleiras cheias de coisas desconhecidas, caixas
coloridas e significados misteriosos. E da janela atrás dele, por onde entrava
muita luz.
E
se isto me ficou na memória, foi porque me foi dito, ainda antes de entrarmos,
que as peças japonesas eram as melhores.
Ficou-me,
que querem!
Muito
tempo depois e já homem feito, recordo lá ter ido por uma agulha de
gira-discos. Noutras lojas, mais modernas e com expositores metálicos,
disseram-me que só lá a encontraria. E estavam certos.
O
que acaba por ter graça é que não recordo ver esta mesma placa iluminada.
Sempre a conheci assim, sem luz interior, com letras de outras épocas a lembrar
a antiguidade do espaço.
Confesso
que não tenho grande coragem de tentar subir as escadas que ali conduzem. E que
o hoje se sobreponha ao que foi. Fico-me p’la placa e dizeres, somados à memória.
By me
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