Creio que já por
aqui falei de uma empena favorita.
Fica a meio
caminho entre a Av. da República e o Jardim do Arco do Cego, em Lisboa.
Gosto dessa empena
porque, impoluta de janelas, cartazes e afins, nela se projectam as sombras se
um prédio contíguo, ao fim do dia, com o sol baixinho, baixinho.
Hoje, em passando
aqui a caminho de um restaurante mesmo em frente onde me sinto como que em casa
(o Super Chefe, passe-se a publicidade), constato que cheguei um pouco tarde. A
hora de ver e fotografar esses graffitys efémeros havia passado. Sobrava uma
parede limpa, apenas iluminada pelo rosa forte do final do dia. Bonito e agradável,
mas pouco sugestivo em termos de imagem
Eis que olho um
pouco à direita e vejo esta outra empena. Dois prédios ao lado. E nela
projectada a sombra que já conheço mas invertida, naturalmente. E estranhei a sério.
Que diabo, aquela
sombra, e respectiva origem de luz não correspondia, em nada, à posição
conhecida do sol. 180º desfasado! Nada batia certo!
Até que, olhando
com mais atenção, me apercebi do fenómeno: a luz provinha da parede que costumo
fotografar. Agora, liberta de sombras, provoca-as, reflectindo a luz que recebe
e dando origem a estas sombras, suaves e discretas, quase que como não
existindo.
Foi um pedacinho
apenas, menos que cinco minutos. O tempo para me aperceber, gostar do que via e
rapar da câmara de bolso para o registo. Este.
E deixou de ser
visível. A luz mudou de eixo e intensidade e as sombras foram para onde
costumam ir quando as deixamos de ver.
Sabendo que o universo
se encontra em permanente desequilíbrio controlado, e que os deuses têm um
sentido de humor e justiça para além do que conhecemos, acredito que protelaram
o ocaso o mais que puderam, à espera da minha passagem. Em compensação de um
super entediante jornada de trabalho.
Espero ter-lhes
feito honra no privilégio de o ter visto.
By me
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