Tem
vinte e poucos anos e até gosto dela.
Do
pouco que dela sei, consegue viver num limbo entre as convenções sociais,
parece-me, lhe serão mais ou menos impostas pela sociedade e família, e as opções
sociais que ela mesmo tomou, com decisões e opiniões não muito consentâneas com
a geração anterior. Pensa e opina p’la sua própria cabeça, algo muito bom em
qualquer época, mas raro nos tempos que correm.
Mas,
claro, é filha dos tempos modernos.
Por
isso mesmo entristeceu-me quando, um destes dias e em vendo-me usar o meu telemóvel
para aceder a uma mensagem na web, me perguntou:
“Olha
lá! Quando é que arranjas um telemóvel melhor? Tu até usas isso com frequência…”
Confesso
que fiquei triste.
Que
ela, com o seu talvez quarto de século, não entendeu ou aprendeu que não há que
seguir as modas tecnológicas, impostas por fabricantes ou gente cujo objectivo é
dizer e impor aos outros a suas própria forma de viver. Que os objectos não se
descartam ou substituem apenas porque já têm não sei quantos anos e há mais
moderno no mercado. Que não adianta, excepto para alimentar os abutres do
mercado, jogar fora algo funcional e satisfatório só porque há algo de novo e
diferente. Que muitos dos gadgets da comunicação vêm com montões de funções,
que pagamos, e que de nada nos servem. Ou, pior ainda, nos tornam em escravos
deles, levando-nos a pautar a nossa vida p’las pautas dos outros, no lugar das
nossas.
No
meio de tudo isto, o que mais me entristece é que a sua geração está a aplicar
a pessoas o mesmo que ela aplica aos dispositivos electrónicos: Os novos é que
importam e os velhos são descartáveis porque inúteis.
By me
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